Fusão da Lafarge com a Holcim leva à venda de activos de cinco mil milhões

Alienação de unidades de produção será um dos primeiros passos a tomar na fusão dos dois maiores gigantes mundiais do cimento.

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Bruno Lafont vai liderar o novo grupo FRANCK FIFE/AFP

A união das duas maiores cimenteiras mundiais, a Lafarge e a Holcim, vai conduzir à alienação de activos que geram receitas de cinco mil milhões de euros, de acordo com a apresentação feita nesta segunda-feira pelos responsáveis das duas empresas, dia em que o acordo foi oficializado.

Segundo o documento disponibilizado, este será, aliás, um dos primeiros e principais passos a tomar, além do plano de integração das duas empresas. Depois, segue-se a fase de análise por parte dos reguladores, já depois de a própria empresa, denominada LafargeHolcim (pelo menos durante algum tempo) se ter adiantado no processo de alienação de unidades fabris onde possa haver problemas de concorrência. A fusão, cujas negociações tinham sido admitidas pelas duas empresas na sexta-feira, vai dar origem a um grupo de enormes dimensões, com uma capitalização bolsista da ordem dos 39.900 milhões de euros.

Ao nível das vendas, estas deverão ser da ordem dos 27.000 milhões de euros por ano, quando, somadas as receitas das duas empresas, este valor daria 31.600 milhões. A diferença explica-se pela necessidade de abater às contas os activos que irão ser vendidos, cujos cinco mil milhões são parcialmente compensados pelo ganho de 400 milhões em sinergias. A união dos dois gigantes europeus, responsáveis por 136 mil postos de trabalho, permitirá uma redução de custos e ajudará a enfrentar o aumento dos preços da energia, numa conjuntura de redução da procura, iniciada em 2008 com a crise financeira internacional.

Ficando com uma presença em 90 países (cerca de metade do total mundial), a LafargeHolcim tem na Europa a sua principal fonte de receitas (nove mil milhões de euros), seguindo-se a Ásia (sete mil milhões). Parte da venda de activos será a nível europeu, o que poderá beneficiar concorrentes como a alemã Heidelberg, a irlandesa CRH, e as italianas Buzzi e Italcementi. Na apresentação ao mercado, a empresa sublinha que nenhum país ficará a valer mais de 10% do total, e que os emergentes vão representar 60% das receitas globais, após os desinvestimentos em algumas unidades de produção.

De acordo com os responsáveis da LafargeHolcim, a fusão entre a empresa francesa e a empresa suíça é uma união “entre iguais”, e isso mesmo parece estar reflectivo nos detalhes do negócio. Cada título Lafarge detido pelos accionistas dará direito a uma acção da Holcim, numa operação de troca de títulos. Os maiores accionistas serão Thomas Schmidheiny (11%), a GBL  (10%) e a NNS (7%).

O conselho de administração, presidido por Wolfgang Reitzle (Holcim), terá sete administradores de cada uma das empresas, e a presidência executiva vai ficar nas mãos de Bruno Lafont (Lafarge). Além disso, a LafargeHolcim vai estar cotada na praça de Paris e também na de Zurique, cidades que vão dividir também o centro de decisão.  Os dois grupos, que já não têm presença em Portugal (o último movimento foi a venda à Camargo Corrêa dos 17% que a Lafarge detinha na Cimpor), estimam concluir o negócio até ao primeiro trimestre de 2015.

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