Fruta desidratada portuguesa chega a três mil supermercados alemães

Investimento global de três milhões de euros permite produzir fruta desidratada em Portugal. Empresa está a testar snacks de legumes.

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A fábrica de fruta desidratada da Frubis, marca desenvolvida pela Nuvi Fruits e detida pelo grupo Luís Vicente, ainda não foi inaugurada oficialmente mas, nesta sexta-feira, as primeiras encomendas que já fez para a cadeia alemã Penny começam a chegar aos centros de distribuição. Em Março, as embalagens de fruta estarão em 2380 estabelecimentos e a aceitação do mercado foi uma “surpresa” para a empresa portuguesa.

“Há um ano a nossa expectativa é que demoraria muito tempo até entrarmos no mercado alemão, diziam-nos que em média seria preciso um ano, um ano e meio. Começámos a trabalhar em Maio, Junho e foi fenomenal. Já há uma categoria de produto estabelecida e trouxemos inovação, o que desencadeou interesse de clientes”, conta Tiago Cardoso, gestor de negócio da Nuvi Fruits. Depois da Penny – que no primeiro pedido encomendou 200 mil embalagens –, será a vez da Rewe, da Kaiser’s, da Real e da Metro, outras cadeias de supermercados que também aceitaram testar o produto português. “É um negócio que em dois, três meses, ultrapassa tudo o que é vendido em Portugal”, ilustra. Contas feitas, são 3300 lojas e 390 mil embalagens já encomendadas. “Em termos comparativos, a distribuição em Portugal tem cerca de 1500 lojas”, continua.

O objectivo é conseguir exportar 50% da produção de Frubis. Além da Alemanha, a empresa tem a França, a Suécia e o Reino Unido como objectivo. Em Espanha está a negociar com o El Corte Inglés. “Portugal é onde vendemos regularmente desde 2014, mas desde essa altura que temos feito testes em países como Polónia, Hungria ou Angola. Estamos a vender directamente em Espanha e temos agora novos países em vista”, diz Tiago Cardoso. No caso de Espanha, convencer os consumidores tem sido a tarefa mais difícil, já que os espanhóis “são um povo muito salgado e o snack de fruta é doce”.

Com a entrada no mercado internacional, a facturação de mais de um milhão de euros em 2015 irá aumentar para o dobro este ano, garante Tiago Cardoso. Até agora a fruta não era desidratada em Portugal, mas depois de um investimento de mais de três milhões de euros, a fábrica em Torres Vedras está em plena produção, toda concentrada em Portugal. A fruta crocante aproveita matéria-prima que não é usada para vender nas lojas, de calibre mais pequeno ou formatos disformes.

O investimento de três milhões de euros inclui a abertura, no início de 2014, de outra unidade de fruta fresca descascada e pronta a consumir, um projecto que começou em 2006 com experiências piloto. A capacidade de produção é de cinco mil toneladas de fruta, contudo, o chamado mercado de quarta gama (produtos lavados e embalados) não cresceu muito no caso da fruta.

Tiago Cardoso adianta ainda que, a pedido de um cliente alemão, a empresa está a testar desidratar legumes usando a mesma técnica que aplica na fruta. Os testes preliminares estão a ser feitos, mas ainda não há perspectivas se haverá, ou não, snacks de legumes para comercializar.

O grupo Luís Vicente exporta fruta fresca para 35 países e tem produção no Brasil e Costa Rica, nomeadamente de abacaxi.

O PÚBLICO viajou a convite da Portugal Fresh

Notícia corrigida às 16h45: A facturação da empresa é de um milhão de euros e não de mil milhões de euros.

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