François Hollande: FMI deverá pensar o que fazer em Portugal e na Grécia

Hollande defendeu o aumento das políticas europeias de crescimento e de coesão para garantir que os países com programas de ajustamento possam ter uma retoma da actividade económica.

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Tanto Hollande como Schulz criticaram o FMI BERTRAND LANGLOIS/AFP

O Presidente francês, François Hollande, defendeu esta terça-feira que o Fundo Monetário Internacional (FMI) deverá pensar o que fazer com os países da zona euro sob ajuda externa, como Portugal e Grécia, à luz da sua constatação de que os efeitos da austeridade são mais graves do que o previsto.

"Há uma questão a colocar, que é saber o que fará agora esta instituição relativamente a países que fizeram efectivamente esforços consideráveis e que hoje puderam regressar ao mercado [da dívida], mas com um preço social elevado", afirmou Hollande.

A afirmação foi feita durante uma conferência de imprensa depois de um debate no Parlamento Europeu entre o Presidente francês e os líderes dos grupos parlamentares, a propósito do reconhecimento pelo FMI de que subestimou largamente o impacto das medidas de austeridade previstas nos programas de ajustamento assumidos pelos países do euro sob assistência financeira externa, como Portugal e Grécia.

Segundo Hollande, esta questão também deverá ser tratada no quadro do orçamento da UE, cujos montantes plurianuais para o período entre 2014 e 2020 deverão ser fixados pelos líderes da UE numa cimeira especial na quinta e sexta-feira.

"Para países como Portugal, Grécia e outros, como a Espanha, a ideia era de que era pedido muito, não digo de mais, mas muito no plano orçamental nacional e de competitividade industrial, e que a Europa viria em seu apoio ao nível dos fundos estruturais e da política de coesão", afirmou. Por isso, defendeu, "quanto mais elevarmos o nível das políticas de crescimento e de coesão, mais os países em questão terão a possibilidade de ter uma retoma da actividade económica". O "grande desafio" de 2013 é, aliás, "saber quando é que teremos uma retoma" da economia, e saber "se a aceleramos, ou travamos".

Martin Schulz, presidente do PE, igualmente presente na mesma conferência de imprensa, assumiu uma posição mais directa e contundente, face ao erro de avaliação do FMI. "É preciso que o FMI decida finalmente sobre a sua própria posição. Não se pode dizer um dia, unilateralmente, que reduzir as despesas leva ao regresso da confiança dos investidores, e noutro dia fazer-se uma conferência de imprensa (...) dizendo: 'As nossas medidas são contraprodutivas'. Penso que uma instituição como o FMI tem de ser coerente", afirmou Schulz.
 
 

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