Foram-se os anéis e a dívida continua por solucionar

As privatizações marcaram o mandato do actual Governo, rendendo um encaixe superior a 9000 milhões de euros sob um coro de críticas.

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Governo guardou para o fim uma das privatizações mais polémicas, a da TAP Daniel Rocha

Se mudanças houve na vida das empresas nacionais ao longo do mandato do Governo, as mais visíveis fizeram-se pelo lado público, com a verdadeira vaga de privatizações acordada com os credores internacionais. Desde 2011, o Estado arrecadou mais de nove mil milhões de euros com a venda de participações, sob fortes críticas da oposição e dos sindicatos.

O compromisso assumido com a troika foi sempre o argumento de base do executivo para fazer vingar o programa que fez com que saíssem do seu controlo empresas como os CTT ou a REN. E o encaixe gerado, muito à custa de investidores chineses, foi alimentando a senda vendedora, com o objectivo de amortizar de forma mais célere a dívida pública.

O Governo chegou a 2015 já com praticamente todas as privatizações concluídas, mas deixou para o fim as mais melindrosas, a começar pela venda da TAP, que tinha fracassado no final de 2012. Este polémico dossier poderá, porém, ficar fechado em breve, se os reguladores derem luz verde à aquisição de 61% da transportadora aérea por parte do consórcio que junta David Neeleman, o norte-americano dono da Azul, e Humberto Pedrosa, que detém a maioria do capital do grupo português Barraqueiro.

Mas ainda fica a faltar a venda da CP Carga e da EMEF (esta última a prometer ser um verdadeiro desafio) e fechar por completo as concessões dos transportes públicos no Porto e em Lisboa, alvo de forte contestação judicial.

Outra missão que o executivo quis chamar para si foi a de travar o endividamento das empresas privadas, na sequência de sucessivos alertas da troika. Mas, apesar de os valores terem diminuído face a 2011, continuam a rondar os 270 mil milhões de euros, revelando que os negócios no país continuam demasiado dependentes da banca e, por isso, muito expostos ao risco. Este ano foi lançado um plano de acção para combater estes problemas e, nomeadamente, reduzir o número de falências, passando a existir um sistema de alerta para empresas em situação limite.


Já para as cotadas nacionais, os últimos cinco anos foram de altos e (muitos) baixos. A bolsa portuguesa foi acompanhando a tendência das suas congéneres europeias, que, principalmente ao nível do sector financeiro, deram sempre sinais de grande instabilidade, devido à crise na Grécia e à evolução do mercado da dívida. Mas, no último ano, a principal praça nacional, o PSI 20, viveu um momento atípico, fruto do colapso do Grupo Espírito Santo e dos impactos que o caso acabou por ter na PT. Com Rosa Soares

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