Foram precisos 172 anos para a The Economist ter uma directora mulher
Zanny Minton Beddoes vai substituir John Micklethwait, que estava há nove anos na direcção da revista britânica.
Mais de 170 anos depois, a The Economist vai ser dirigida por uma mulher. Zanny Minton Beddoes assume o cargo, a partir de 2 de Fevereiro, substituindo John Micklethwait, que estava há nove anos a liderar a revista.
Zanny Minton Beddoes é, assim, a primeira mulher numa lista de 16 directores que desde 1843 passaram pela revista económica, fundada por James Wilson, um fabricante de chapéus da Escócia. Era actualmente a editora da secção de empresas e finanças e está na The Economist desde 1994, depois de dois anos como economista no Fundo Monetário Internacional.
“Estou muito contente por ter esta oportunidade para dirigir a The Economist. É uma das maiores instituições do jornalismo, com uma equipa extraordinariamente talentosa”, comentou, em comunicado. O conselho de administração destacou a sua “longa experiência” na revista.
A presença das mulheres no topo das empresas é um tema que também passou, nesta sexta-feira, por Davos, onde estão reunidos os líderes mundiais. A actriz Emma Watson voltou a lembrar a campanha HeForShe, lançada em Setembro em Nova Iorque e que, garante, teve “um impacto inesperado”.
Os números mais recentes mostram, por exemplo, que apenas 11% dos gestores em Silicon Valley, o berço das tecnológicas nos Estados Unidos, são mulheres.
Portugal tem ainda menos mulheres no topo
Em Portugal, apenas 33,7% das mulheres são “representantes do poder legislativo e de órgão executivos, dirigentes, directoras” ou executivas, uma percentagem que diminuiu em 2013 face a 2012 (menos 1,4 pontos percentuais). Um relatório recente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego realça que as diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho “são, também, visíveis ao nível das profissões e das diferentes actividades económicas”.
Apesar de cada vez maior habilitação escolar, as mulheres continuam em maioria no grupo dos “trabalhadores não qualificados” (72%), no de “pessoal administrativo” (63,3%) e entre os “trabalhadores dos serviços pessoais, de protecção e segurança e vendedores” (63,1%). Ainda assim, estão em maioria entre os especialistas “das actividades intelectuais e científicas” (60,4%).
Ao mesmo tempo — diz a Comissão Europeia —, apenas 9% dos membros do conselho de administração das empresas cotadas na Bolsa de Lisboa (PSI 20) são mulheres. A média europeia é 18%.