Fnac regressa à Bolsa de Paris e perde mais de 10%

Grupo francês Kering, ex-PPR, vai focar-se nas marcas de luxo e de vestuário desportivo.

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Fnac encerrou lojas na Grécia e em Itália e tem 17 unidades em Portugal Paulo Pimenta

É um regresso 33 anos depois. A Fnac, detida pelo grupo francês Kering (ex- Pinault Printemps Redoutte) estreou-se nesta quinta-feira na Bolsa de Paris com um preço de referência de 22 euros por acção. Contudo, às 9h53, hora local, perdia 11,82% para 19,40 euros. Na abertura, inaugurou a sessão a descer 10,8%, para 19,62 euros.

O negócio da cadeia de distribuição de produtos culturais tem vindo a perder fôlego e os accionistas da francesa Kering querem, agora, centrar esforços nas suas marcas de luxo (Gucci, Balenciaga, Botteha Venetta, por exemplo) e de vestuário desportivo (Puma ou Volcom). O regresso à bolsa e ao principal índice da praça francesa, o CAC 40, foi aprovado quarta-feira na mesma assembleia-geral em que foi autorizada a mudança de nome, de Pinault Printemps Redoutte (PPR) para Kering, numa alusão à palavra inglesa caring, que significa mostrar preocupação ou ser atencioso.

“A mudança de nome é uma necessidade e uma oportunidade de afirmar a nossa identidade. Tornámo-nos num grupo internacional e é importante reafirmar as nossas raízes”, disse François Henri-Pinault, presidente executivo da Kering, em declarações à AFP.

Em 2012, a Fnac registou prejuízos de 141,7 milhões de euros. Os resultados operacionais foram positivos (63,3 milhões de euros) mas sofreram o impacto dos custos com o plano de reestruturação, na ordem dos 37 milhões de euros. A saída de Itália custou 26 milhões de euros, mas a empresa sofreu ainda com a desvalorização dos seus activos em França e no Brasil. Recorde-se que a Fnac saiu da Grécia em 2010, onde tinha três lojas.

Este ano, as vendas em França, o seu mercado natural e onde tem maior número de lojas (170), caíram 9,5% no primeiro trimestre. Na Península Ibéria o tombo foi maior: 9,5%. No Brasil, há dois anos que as 11 lojas apresentam resultados negativos e a queda em 2013 chegou aos 9,8% até Março.

Com o regresso da Fnac aos mercados, a Kering vai distribuir acções da empresa de retalho aos seus accionistas – um título da Fnac por cada oito da Kering – e um dividendo adicional de 2,25 euros. A Artemis, holding da família Pinault, que controla o grupo, vai manter uma participação de 39% na Fnac nos dois primeiros anos e de, pelo menos, 25% no terceiro ano após a cisão, refere o director financeiro em declarações à AFP.

“Com quase 60 anos de experiência nos seus mercados, o grupo Fnac está bem apetrechado para construir o seu negócio como uma entidade independente e tem a sua própria estratégia de crescimento. Entrar na bolsa vai melhorar ainda mais o seu perfil, permitindo à empresa seguir uma estratégia independente, consolidar as suas forças e impulsionar a sua posição nos mercados em França e no estrangeiro”, comentou, por seu lado, Marc Lefèvre, responsável pela unidade de negócios europeia da NYSE Euronext, em comunicado.

A Fnac (de Fédération Nationale d’Achat des Cadres) foi fundada em 1954 por Max Théret e André Essel e só entrou em Portugal 44 anos depois, a 28 de Fevereiro de 1998. De acordo com informação disponibilizada no seu site oficial tinha, até ao ano passado, 17 lojas. Quando foi confirmado o encerramento das unidades em Itália, a empresa garantiu que a decisão não teria “qualquer implicação na estrutura e no plano de expansão em Portugal”. Esse plano previa a abertura de mais três lojas, mas a actual conjuntura obrigou a rever o calendário de investimentos.
 
 

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