FMI diz que ajuste orçamental não tem de ser levado ao máximo e admite erros

Num encontro de economistas em Aix-en-Provence, a directora-geral do FMI reconhece que o Fundo não previu uma grande crise de liquidez e que é necessária maior regulação do sector financeiro.

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Lagarde, em Aix-en-Provence FRANCK PENNANT/AFP

O ajuste orçamental “brutal” não tem de ser levado até ao seu “máximo”, disse neste domingo a directora-geral do FMI, Christine Lagarde, admitindo erros cometidos pelo organismo na sua avaliação sobre a situação de alguns países.

“Não pensamos que seja preciso um ajuste orçamental brutal até ao máximo”, declarou a responsável do Fundo Monetário Internacional num encontro de economistas em Aix-en-Provence, no Sudeste da França.

“Temos de ter uma perspectiva a longo prazo”, acrescentou, referindo que os “erros”cometidos pelo FMI na sua avaliação de algumas políticas aplicadas em certos países foram uma consequência de parâmetros que mostraram não ser fiáveis.

“Fizemos duas vezes”, disse Christine Lagarde a respeito da revisão por parte do organismo de planos orçamentais em relação a medidas destinadas a enfrentar a crise económica.

“Fizemo-lo por escrito, fomos vilipendiados, mas é a tradição e a honra do FMI dizer que estávamos errados”, disse a directora do organismo.

“Não previmos que fosse ocorrer uma grande crise de liquidez”, referiu, sublinhando que estão pela frente desafios em matéria de regulação da actividade do sector financeiro.

Christine Lagarde declarou que “a vigilância eterna é indispensável”, referindo-se à necessidade de contar com um quadro regulatório mais rigoroso em relação às instituições financeiras e recordou que a ausência de regulação esteve na origem da crise.

Acrescentou que a recuperação do crescimento económico é essencial porque “é o melhor provedor de emprego”, depois de recordar que há mais de 200 milhões de desempregados do mundo e que 12% deles estão em países da zona euro.

“Muitos destes países têm de se comprometer com reformas estruturais para aumentar a produtividade”, avisou Lagarde, que defendeu maior esforço em relação ao emprego das mulheres para impedir que persistam em muitos países as diferenças salariais em relação aos homens.

Christine Lagarde também antecipou uma ligeira queda nas previsões da conjuntura mundial realizadas pelo FMI que serão anunciadas nos próximos dias.
 
 

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