FMI defende que Portugal aproveite taxas de juro baixas para pagar dívida

Numa altura de taxas de juro soberanas baixas, seguir as recomendações do fundo "pode ter um impacto poderoso no crescimento", justifica a instituição.

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Aviso do FMI surge a dias de a Comissão avançar com novas metas para o défice orçamental espanhol SAUL LOEB/AFP

O Fundo Monetário Internacional (FMI) defende que Portugal deve aproveitar a descida dos juros causada pelo quantitative easing (programa de compra de títulos de dívida soberana) do Banco Central Europeu (BCE) para pagar a dívida pública.

"Países com margem orçamental reduzida (como França e Portugal) devem aproveitar as descidas dos juros decorrentes do quantitative easing para pagar a sua dívida", escreve o chefe da missão do FMI à zona euro, Mahmood Pradhan, num artigo divulgado hoje.

O texto acompanha o relatório anual sobre a zona euro, no âmbito do Artigo IV do FMI, que prevê que sejam feitas análises às economias dos membros do Fundo, geralmente todos os anos.

Por outro lado, o FMI defende que os países da zona euro com margem orçamental, como a Alemanha e a Holanda "usem esse espaço para apoiar o investimento e reformas estruturais".

Em ambos os casos, seguir as recomendações do Fundo, numa altura de taxas de juro soberanas baixas "pode ter um impacto poderoso no crescimento".

O FMI considera que o programa de compra de dívida do BCE "impulsionou a confiança" entre os países da moeda única e melhorou as condições de financiamento".

Além do programa do BCE, a recuperação está a ser alavancada pela redução do preço do petróleo e um euro mais fraco. O fundo estima que a economia do conjunto dos 19 cresça 1,5% este ano e 1,7% em 2016.

"Mas as perspectivas de médio prazo são menos animadoras", escreve Mahmood Pradhan, considerando que a recuperação económica pode ser prejudicada pelos "altos níveis de desemprego (especialmente entre os jovens) e de dívida das empresas e pelo aumento do crédito malparado".

Nesse sentido, a instituição liderada por Christine Lagarde defende um "esforço colectivo" para conter "os riscos de estagnação" e para "fortalecer a união monetária".

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