Uma dezena de trabalhadores ferroviários juntou-se nesta segunda-feira, no Largo de Camões, em Lisboa, para protestar contra a venda da CP Carga, a poucas horas de o Governo assinar o contrato promessa de compra e venda com a MSC Rail.

"O Governo quer passar a ideia de que a venda é a única solução viável para a empresa, mas a verdade é que constitui apenas a continuação do desmembramento do sector ferroviário", afirmou o coordenador do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF), Abílio Carvalho.

No Largo de Camões, os manifestantes colocaram uma faixa de protesto dizendo "Alto! Trabalhadores dizem NÃO à liquidação ou privatização da CP Carga" e mostraram preocupação pelo facto de a multinacional que vai comprar a empresa ainda não ter dado quaisquer garantias sobre o futuro dos funcionários e o destino da contratação colectiva.

"A empresa tem sido bastante lucrativa em alguns aspectos e devia haver uma aposta na sua requalificação e não no desmantelamento, como está acontecer", defendeu o sindicalista, mostrando a carta entregue hoje ao Tribunal de Contas pelas Comissões de Trabalhadores da CP e da CP Carga.

Nesse documento, os trabalhadores denunciam o que chamam "mais um passo no processo de doação" da CP Carga, porque calculam que o encaixe financeiro da operação não ultrapasse os dois milhões de euros, e acusam o Governo de promover a descapitalização da CP.

A venda da CP Carga, que necessita ainda do aval da Autoridade da Concorrência, vai ser concretizada com um dos maiores armadores mundiais, a MSC Rail, que venceu a corrida à privatização, ultrapassando a Atena Equity Partners SCR e a Cofihold.