Fernando Ulrich diz que já passou o momento de discutir se o País deve recorrer à ajuda externa

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Fernando Ulrich Nuno Ferreira Santos

O presidente do BPI, Fernando Ulrich, considerou hoje que já passou o momento para discutir se Portugal deveria recorrer à ajuda externa, sublinhando que a pergunta mais sensata agora seria questionar porque não o fez há mais tempo.

"Dentro em pouco as pessoas vão perguntar não se Portugal deveria ou não recorrer [à ajuda externa], mas sim se não deveria ter recorrido há muito mais tempo. Essa é a pergunta de agora", disse Ulrich no decorrer da apresentação de um estudo do BPI sobre o sector energético, mas sublinhando que falava em nome individual.

"É patente que a informação que temos hoje é maior do que a que tínhamos ontem e que anteontem. Temos uma crise política, cortes do 'rating', mais défice em 2010 do que pensávamos. Há muitas coisas novas. Com a informação que se dispõe, a pergunta mais sensata é porque é que Portugal não recorreu há mais tempo aos mecanismos de ajuda internacional", disse Ulrich.

Por outro lado, o mesmo responsável disse que o incomoda ver a questão da ajuda externa transformada numa arma política usada pelos partidos políticos.

"Como cidadão faz-me impressão que [a ajuda externa] esteja a ser transformada em arma de arremesso entre partidos políticos. A ajuda tem de ser analisada friamente e à luz das necessidades", frisou Ulrich, que deixou uma palavra de apreço ao ministro das Finanças, que diz estar "sozinho".

"A posição do ministro das Finanças é muito corajosa. E estou a falar dele propositadamente, e não do primeiro-ministro, porque é ele [Teixeira dos Santos] quem tem, por definição, a informação toda e ao detalhe", disse o presidente do BPI.

"Parece-me muito corajoso estar sozinho a arcar com essa responsabilidade", sublinhou.

Reconhecendo que Portugal "está a ser empurrado" para a ajuda externa pelas agências de 'rating' e pela imprensa internacional, Ulrich disse que preferiria que "Portugal não tivesse de chegar a essa situação".

"Já o disse e reafirmo. Mas também disse que se chegasse não seria o fim do mundo e não se deveria diabolizar esses instrumentos internacionais", sublinhou. O BPI, disse, está a cumprir a sua parte.

"Tem-se falado muito da intervenção do Banco Central Europeu e do financiamento que tem concedido a Portugal e a outros países, mas gostaria de dizer que o BPI fechou o trimestre sem utilizar o Banco Central Europeu", disse Ulrich. Ou seja, explicitou, "a diferença entre os empréstimos que contraiu e os depósitos que tem no BCE é zero".

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