Fed abre as portas a subida dos juros

Presidente da Reserva Federal americana sublinhou o bom desempenho do mercado de trabalho e a subida da inflação.

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Janet Yellen está confiante na economia americana YURI GRIPAS/AFP

A Reserva Federal americana (ou Fed, o banco central dos EUA), abriu as portas a uma subida das taxas de juro nos próximos meses, justificada por indicadores que dão sinais de recuperação económica do país e por estimativas de crescimento.

Num discurso muito aguardado, e pontuado por um tom de algum optimismo, a Presidente da Fed, Janet Yellen, afirmou nesta sexta-feira que os números do emprego e a subida dos preços tornam mais provável uma subida dos juros. “À luz da continuação de um desempenho sólido do mercado de trabalho e da nossa perspectiva para a actividade económica e a inflação, acredito que o argumento para um aumento da taxa dos fundos federais se fortaleceu nos últimos meses”, afirmou Yellen, na sequência de um encontro anual de banqueiros centrais numa estância no vale de Jackson Hole, nos EUA.

As taxas desceram para zero na sequência da crise financeira que começou em 2008 e subiram no final do ano passado para valores entre os 0,25% e os 0,5%. Os juros baixos são uma forma de os bancos centrais tentarem fazer circular dinheiro e de incentivar empréstimos por parte dos bancos a particulares e empresas. Também o Banco Central Europeu tem usado a arma das taxas de juro para combater a inflação reduzida e estimular a economia.

Embora o discurso de Yellen tenha tornado praticamente certa uma subida das taxas, não houve uma indicação sobre quando poderá ser tomada a decisão. A próxima reunião de políticas monetárias da Fed acontece já a 20 e 21 Setembro, mas há também reuniões em Novembro (nas vésperas das eleições americanas) e em Dezembro. “É claro, as nossas decisões dependem sempre do grau em que os dados futuros continuem a confirmar as estimativas [da Fed]”, ressalvou a presidente da instituição.

 Yellen, contudo, disse estar confiante no desempenho da economia ao longo dos próximos anos, afirmando que espera “um crescimento moderado no produto interno bruto, um fortalecimento adicional do mercado de trabalho e a inflação a aumentar para 2%”. Também nesta sexta-feira, dados oficiais indicaram que a economia dos EUA cresceu 1,1% no segundo trimestre do ano, um valor que ficou uma décima abaixo da previsão. A taxa de desemprego no país, em queda desde 2010, está nos 4,9%, aproximando-se dos 4% que estão definidos como sendo pleno emprego.

As políticas monetárias da Fed têm ajudado a sustentar os mercados financeiros, bem como a pressionar o dólar face a outras divisas, o que é uma ajuda às exportações americanas. Cerca de duas horas após o discurso de Yellen, as bolsas nos EUA seguiam em baixa ligeira, enquanto o ouro valorizava algumas décimas.  O dólar subiu momentaneamente face ao euro, para depois entrar numa trajectória descendente, à medida que as palavras de Yellen indicavam que a descida poderá não ser para já.

Boa parte do discurso foi centrado nas ferramentas ao dispor do banco central para enfrentar futuras crises. A presidente foi cautelosa, afirmando que poderá ser útil “considerar algumas medidas adicionais que têm sido usadas por outros bancos centrais”, embora isso implique “uma cuidadosa análise dos custos e benefícios ” e, em alguns casos, alterações legislativas. Entre as medidas que poderão ser estudadas estão a possibilidade de compras de outros tipos de activos (que é também uma forma de os bancos centrais injectarem dinheiro na economia) e de rever os objectivos para a taxa de inflação (o objectivo actual é de 2%).

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