Falta de manutenção pode pôr em risco operação da Metro do Porto a partir de 1 de Janeiro

O consórcio formado pela EMEF e Bombardier, que tem garantido a manutenção das composições, é desfeito a 31 de Dezembro e empresa ainda não tem alternativa.

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Sérgio Monteiro espera que o processo de concessão termine ainda em 2015 Paulo Pimenta

A incapacidade da Metro do Porto em fazer atempadamente um caderno de encargos para pôr a concurso a exploração do serviço para os próximo dez anos, levou a empresa a pedir a prorrogação da concessão actual (a cargo da Via Porto, formada pela Barraqueiro e Arriva) por mais três meses. Mas a concessionária só é responsável pela exploração dos metros e não pela manutenção do material circulante, que está presentemente a cargo da EMEF e da Bombardier.

É o consórcio formado por estas duas empresas que cuida diariamente da frota de 72 Eurotrams, assegurando que estes circulem com fiabilidade e segurança na rede de metro da Invicta.

Só que esta contratação com a Via Porto termina no dia 31 de Dezembro. E com ela termina também o casamento entre a EMEF e a Bombardier. Um “casamento” que já viveu melhores dias, visto que ambas disputam agora, cada uma por seu lado, os parceiros que vão concorrer à concessão do Metro do Porto (as propostas terão de ser entregues também a 31 de Dezembro) para os próximos dez anos.

O PÚBLICO perguntou à Metro do Porto se iria proceder à extensão do contrato com o consórcio actual para a manutenção dos comboios, mas a empresa não respondeu. O motivo é simples: de momento, a administração não tem nenhuma solução que assegure a manutenção dos seus veículos dentro de duas semanas.

Essa ausência de solução é agravada pelas dificuldades de financiamento em pagar este extra porque era suposto que a partir de Janeiro haveria um consórcio novo a operar na rede do metro.

Para manter esse trabalho, a EMEF está mais bem colocada porque é ela que detém as instalações (em rigor pertencem à Refer, mas estão concessionadas à empresa afiliada da CP até 2056) e possui no local uma equipa de 60 trabalhadores. Mas nada impede o concessionário de tentar outras soluções no mercado.

Contudo, a história não acaba aqui. A Metro do Porto tem uma segunda frota em serviço. São os 30 TramTrains, comprados em 2009 ao consórcio Bombardier/Vossloh, que até agora tem feito a manutenção do material no âmbito do contrato de venda. Um contrato que termina a 22 de Dezembro.

O PÚBLICO perguntou à Metro do Porto se iria fazer a extensão do contrato aquele consórcio, mas a empresa também não respondeu.

O concurso para encontrar um novo operador para o Metro do Porto tem sido controverso. Até agora, já levantaram o caderno de encargos o concessionário actual (Arriva e Barraqueiro), a Transdev (francesa), a Avanza (mexicana), a National Express (britânica) e a TMB (catalã). Todas terão contactado a Bombardier e a EMEF pedindo preços para a manutenção dos comboios, a fim de construírem as suas propostas.

A grande diferença neste concurso é que, ao contrário do anterior, em que o concessionário só explorava o serviço, agora este deve também responder pela manutenção dos comboios e da infra-estrutura.

O caderno de encargos prevê que, numa primeira fase, o júri avalie essencialmente os preços apresentados pelos candidatos, deixando para a fase da adjudicação a avaliação das competências técnicas das equipas de manutenção. Daí que os candidatos estejam a apostar sobretudo no preço para tentar ganhar o concurso.

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