Fagor pára produção e deixa trabalhadores à espera de notícias

Em causa está a dívida da empresa, que ascende aos 830 milhões de euros, numa altura em que precisa de mais 120 milhões para se financiar.

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Liquidação da Fagor eliminará 10 mil postos de trabalho directos e indirectos.

A espanhola Fagor suspendeu a actividade das duas últimas fábricas que ainda estavam em funcionamento. A quinta maior empresa do sector de electrodomésticos do mundo paralisou toda a sua produção para evitar a liquidação. Esta sexta-feira, houve protestos nas ruas.

Na localidade basca de Mondragón, uma manifestação que, segundo o jornal El Mundo, juntou "centenas de pessoas" em solidariedade com os trabalhadores da Fagor. No final do protesto, que desembocou na sede da Corporação Mondragón, elementos do conselho social da Fagor, citados pelo diário, alertaram para as consequências "devastadoras" do encerramento da cooperativa para a região e para o país. Para segunda-feira, está marcado novo protesto para a cidade de Basauri, onde existe uma das fábricas no País Basco. 

Citado pelo El País, o porta-voz do governo basco, Josu Erkoreka, declarou que esta "é a pior notícia económica do ano" para a região.

A companhia sediada no País Basco pediu protecção judicial contra os seus credores para encontrar uma solução para reestruturar a dívida. Esta medida permite que a Fagor ganhe algum tempo antes que os credores comecem a executar penhoras.

O diário espanhol refere a "drástica queda no consumo" e a "feroz competição de baixo custo", assim como "erros de planificação empresarial", para explicar a actual situação da Fagor. Desde 2008 que o gigante dos electrodomésticos não apresenta resultados positivos. Em 2007, a empresa apresentava 1749,8 milhões de euros de facturação, que caíram para 1166,7 em 2012.

A Fagor pediu à Corporação Mondragón (detentora da Fagor), em Maio, uma ajuda de 70 milhões de euros para reestruturar e viabilizar a empresa. O fundo acabou por ser aprovado pelas restantes 110 cooperativas da corporação, mas não foi suficiente.

Companhia pede ajuda
Já esta semana, a companhia espanhola voltou a pedir um auxílio de 120 milhões de euros para impulsionar um novo plano de reestruturação, o que, noticia o El País, resultaria no encerramento de algumas instalações no estrangeiro.

Ao Expansión, o presidente da Mondragón, Antonio Cancelo, lamenta que não tenham sido tomadas decisões rápidas mas "dramáticas". No entanto, Cancelo explica que tal não aconteceu porque, numa cooperativa, "as decisões têm que ser tomadas em assembleia, onde estão as pessoas afectadas pelas decisões", o que acarreta uma "maior dificuldade" para despedir trabalhadores.

A Corporação Mondragón constitui o maior grupo económico do País Basco, tendo contribuído, em 2010, com 3,1% para o seu PIB. A empresa, que conta com cerca de 83 mil trabalhadores (dos quais 33 mil são sócios cooperadores), tem negócios nas áreas das finanças, indústria, distribuição e conhecimento.

A Fagor emprega duas mil pessoas nas cinco unidades de produção que tem no País Basco e 3500 nas 13 fábricas distribuídas por França, Marrocos, Polónia e China. Dos dois milhares de trabalhadores do País Basco, 1700 são sócios cooperadores.

Em dificuldades estão também outras empresas emblemáticas da economia espanhola como a Pikolin, a Roca ou a Panrico. Com a crise financeira vieram as quebras acentuadas nas vendas e as empresas apresentaram planos de reestruturação que implicam o despedimento de trabalhadores.

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