Fábrica pensada há oito anos abre agora para impulsionar venda de fruta cortada

Grupo Luís Vicente investe dois milhões em unidade de fruta fresca cortada e tem planos para gastar mais três milhões na produção de fruta desidratada

Lojas começam a vender fruta não normalizada
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Lojas começam a vender fruta não normalizada Enric Vives Rubio
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O projecto do Grupo Luís Vicente de vender fruta fresca cortada e pronta a consumir começou em 2006 com experiências piloto mas só agora, em 2014, ganha forma uma unidade de produção, com 30 novos postos de trabalho e uma capacidade para processar cinco mil toneladas de fruta. O chamado mercado da quarta gama (produtos lavados e embalados), ainda é embrionário em Portugal no que toca à fruta mas Manuel Évora, administrador da empresa portuguesa, diz que chegou o momento de investir.

“Os portugueses têm menos tempo para preparar refeições e fruta”, diz, acrescentando que, ao mesmo tempo, os níveis de consumo per capita deste alimento têm vindo a descer. Com a nova fábrica e tecnologia no embalamento – que custaram no total dois milhões de euros – é possível alargar o prazo de validade em alguns dias. E isso garante não só uma distribuição do produto a todo o país como permite ao grupo Luís Vicente piscar o olho a Espanha e à grande distribuição. As negociações com o El Corte Inglés já estão em curso.

Além de fruta descascada, a intenção é também ter produtos enriquecidos com vitaminas e sais minerais ou associados a chocolate, pudins, gelatina ou de base láctea. O preço da fruta descascada nos supermercados é tradicionalmente elevado, mas Manuel Évora acredita que o aumento da capacidade de produção vai permitir baixar valores.

Além deste projecto, o grupo Luís Vicente, sedeado em Torres Vedras, tem planos para avançar com um novo investimento de três milhões de euros a partir do segundo semestre de fruta desidratada. Até agora, a empresa dona da Frubis usava matéria-prima importada para produzir os snacks de fruta crocante, mas este ano vai introduzir fruta nacional no portefólio.

Em 2016, ano cruzeiro da fábrica, serão necessárias 24 mil toneladas para produzir as embalagens da Frubis e, assim, chegar a todo o mundo. A fruta crocante aproveita, ainda, matéria-prima que não é aproveitada para vender nas lojas, de calibre mais pequeno ou formatos disformes. “Podemos dar impulso ao consumo de fruta nacional e chegar a sítios onde nunca chegaríamos de outra forma”, diz Manuel Évora.

O Grupo Luís Vicente exporta fruta para 35 países e estima vender este ano um total de 15 mil toneladas de fruta e legumes portugueses. Tem produção no Brasil e Costa Rica, nomeadamente de abacaxi.

Os dois investimentos, no valor global de cinco milhões de euros, foram candidatados ao Proder (Programa de Desenvolvimento Rural) e aguardam aprovação. De acordo com dados oficiais, 13% dos projectos apoiados entre 2007 e Junho de 2013 destinam-se à fruticultura, com um investimento associado de 563 milhões de euros, o equivalente a 10% do montante total apoiado pelo Proder.

A produção nacional de fruta, legumes e flores vale cerca de 2500 milhões de euros e as exportações cresceram 20,5% nos últimos dois anos. Pesam cerca de 2% no total das vendas para o estrangeiro.
 

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