Ex-presidente do Eurogrupo afirma que "todos cometeram" erros com a Grécia

Privatizações na Grécia sofreram revês com a desistência dos russos em entrar nas companhias de gás.

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LOUISA GOULIAMAKI/AFP

O ex-chefe do Eurogrupo fez estas declarações durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, na qual o ex-líder luxemburguês felicitou os progressos alcançados pela Grécia no caminho das reformas.

"Há um ano falávamos abertamente da saída da Grécia do euro. Hoje, em contrapartida, já ninguém fala do grexit", afirmou Juncker, que no entanto reconheceu que na hora de avaliar as capacidades de recuperação do país houve demasiado "optimismo".

"Todos os que nos envolvemos na Grécia cometemos erros", disse Juncker, aludindo ao debate aberto entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia (CE) sobre esta questão.

Enquanto o FMI sustentou que houve erros quando se previu o impacto das medidas de ajustamento na economia real e se atrasou demasiado a reestruturação da dívida soberana grega, a CE rejeitou quaisquer críticas.

Entretanto, Samaras recordou que os juros da dívida soberana grega caíram para um terço num ano, que a Grécia recuperou a confiança no estrangeiro e que as privatizações estão a dar frutos.

Neste último ponto, que Atenas acaba de sofrer um importante revés, com a retirada da Rússia da privatização das companhias de distribuição e circulação de gás.

A decisão do gigante russo Gazprom de não apresentar na segunda-feira – data limite para do prazo de licitação – uma oferta vinculativa para as empresas gregas DEPA (venda de gás) e DESFA (redes) caiu com um balde de água fria no mundo político e empresarial deste país, que já dava como certa esta operação.

Juncker evitou entrar no debate sobre um possível envolvimento da CE no fracasso da operação da venda da DEPA e da subsidiária DESFA à Gazprom.

“Não sei os segredos da Comissão. Não o posso excluir, mas também não posso pressupor”, afirmou Junker, adiantando que se foi o caso, a Comissão deveria assumir a responsabilidade.

A União Europeia, bem como os Estados Unidos, vêem com receio a entrada da Rússia no mercado de gás grego por aumentar ainda mais a dependência europeia do poder do gás russo.

Devido ao fracasso desta operação, com a qual Atenas previa arrecadar uma receita de 1000 milhões de euros, o governo grego não vai conseguir cumprir uma das premissas do memorando assinado com a troika, formada pelo FMI, CE e Banco Central europeu (BCE): a de obter 2.600 milhões de euros com privatizações.

Segundo as regras do memorando, o desvio de objectivos acordados deveria conduzir automaticamente a novas medidas, mas esta hipótese já foi excluída hoje categoricamente por Samaras.