Exportações cresceram 3,6% em 2015 mas em desaceleração no final do ano

Em Dezembro, as vendas ao estrangeiro recuaram 2,8%, graças à quebra de procura por parte dos países de fora da UE.

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As empresas portuguesas exportaram mais em 2015 do que no ano anterior e o ritmo de crescimento até acelerou face à subida que já tinha sido registada em 2014. Mas o último trimestre do ano acabou por ser de abrandamento, numa tendência que se acentuou em Dezembro, mês em que a queda nas vendas de produtos ao estrangeiro foi de 2,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Os dados publicados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) vieram dar os números que faltavam para as contas de balanço do ano e indicam um aumento de 3,6% nas exportações totais de 2015. É uma taxa de crescimento que mais do que duplica a subida observada em 2014, que foi de 1,7%. Ao todo, foram vendidos a outros países 49,8 mil milhões euros em produtos.

No entanto, no início do último trimestre começaram a surgir sinais de um abrandamento da dinâmica exportadora. Em Outubro, as vendas caíram 2,4% em termos anuais, naquela que foi a primeira variação negativa desde Janeiro. Novembro foi de recuperação, com um crescimento de 4,7%. Mas Dezembro voltaria a terreno negativo. O decréscimo de 2,8% nesse mês deveu-se praticamente na totalidade a uma retracção dos países fora da União Europeia, mercados para onde as exportações registaram quebras todos os meses desde Agosto.

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Angola, um país a sofrer com o baixo preço do petróleo e uma consequente falta de liquidez, deu o seu contributo para a descida na recta final de 2015. Aquele que é o sexto maior cliente de Portugal – e o segundo maior fora do espaço comunitário, a seguir aos EUA – gastou em Dezembro 145 milhões de euros em bens portugueses. Foi o valor mensal mais baixo do ano passado.

A abundância mundial de petróleo e o preço do crude também tiveram um impacto visível nas exportações portuguesas. Se forem excluídos os combustíveis e lubrificantes, o valor das exportações aumenta 4,2%, salienta o INE. Contudo, é nas importações que o peso do combustível mais se faz sentir.

Ao longo do ano, as compras de bens ao estrangeiro cresceram 1,9%. A subida é menor do que a de 2014 (3,4%), o que é uma boa notícia para as contas da balança comercial. Foram importados 60,1 mil milhões de euros de produtos. Porém, se forem novamente excluídos os combustíveis e lubrificantes, as importações registaram um aumento mais significativo, indicador de um incremento do consumo: mais 6,7%, um valor que é ligeiramente superior à subida do ano anterior.

Pelo contrário, o mês de Dezembro foi de quebra nas importações, com uma retracção de 0,7% no valor dos produtos comprados. Este valor é de 8,3% quando consideradas apenas as compras feitas fora da UE e, mais uma vez, a explicação está no petróleo, refere a nota do INE: “A redução registada em Dezembro de 2015 nas importações extra-UE de combustíveis minerais, tanto em termos da variação homóloga como da variação mensal, resulta sobretudo do comportamento do preço de importação do petróleo bruto (crude), que registou neste mês de Dezembro o preço mais baixo desde Maio de 2009.”

Os números mostram ainda que a balança comercial de bens registou uma melhoria em 2015. Subtraindo o valor das importações ao das exportações, o resultado negativo ronda os 10,3 mil milhões de euros, o que significa uma descida de 570 milhões (ou 5,2%) no défice. O valor está, porém, acima dos 9,7 mil milhões de 2013, ano de plena crise financeira, em que a retracção do consumo e as dificuldades das empresas tiveram como efeito o menor défice comercial da última década. Com Rosa Soares

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