Exportações agrícolas crescem o dobro da média nacional

Excesso de chuva tem prejudicado algumas produções no país.

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Cáritas situa os roubos em supermercados na "fronteira da luta pela sobrevivência" Pedro Cunha/Arquivo

A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, voltou nesta sexta-feira a enaltecer o dinamismo do sector, assinalando que as exportações agrícolas estão a crescer o dobro da média nacional.

“As exportações nacionais cresceram cerca de 3% em geral e no sector agro-alimentar cresceram 6,9%, mais do dobro da média do crescimento das exportações nacionais”, afirmou a ministra, após a inauguração de uma nova linha de produção da empresa Estêvão Luís Salvador, sediada em Sintra.

“Isso mostra que este sector está muito dinâmico, muito vivo e estes bons exemplos que vimos aqui suportam esses números e permitem-nos continuar a pensar que este é um sector de futuro, não é de curto prazo, não é de moda”, acrescentou Assunção Cristas.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, as exportações de bens aumentaram 3,1% no trimestre terminado em Abril, face ao período homólogo, tendo-se verificado uma redução do défice da balança comercial de 730,1 milhões de euros.

Assunção Cristas sublinhou que o Governo “tem um objectivo muito claro de eliminar o défice agro-alimentar medido em valor”, o que significa que as exportações terão de compensar as importações. “Isso está a ser conseguido. O ano passado conseguimos diminuir o défice agro-alimentar e este ano, com certeza também vamos conseguir”, destacou a governante, salientando que “Portugal pode dar um bom contributo” para satisfazer as necessidades alimentares da população mundial, que deve chegar aos 9,3 mil milhões em 2050.

A Estêvão Luís Salvador é uma empresa industrial que exporta produtos da 5.ª gama (sopas refrigeradas) para a Polónia e vende produtos da 4.ª gama (sopas e saladas pré-preparadas) e a granel para os principais hipermercados nacionais, recorrendo essencialmente a fornecedores nacionais.

Chuva prejudica fruta
Mas o tempo adverso não está a ajudar o sector. A produtividade dos pomares de cereja e pêssego deverá cair 5% este ano devido às condições climatéricas, enquanto nos cereais de Outono-Inverno apenas o centeio e a cevada terão produtividades superiores à média do último quinquénio, segundo o INE.

O instituto, que publicou nesta sexta-feira as previsões agrícolas traçadas a 31 de Maio, refere que a produtividade das fruteiras foi afectada “pelas baixas temperaturas e excesso de pluviosidade na fase da floração/polinização”. Já as vinhas apresentam “um aspecto vegetativo exuberante”, pelo que se prevê um aumento de 5% na produtividade da uva de mesa, face à campanha anterior.

Nos cereais de Outono-Inverno, “as condições de encharcamento dos solos limitaram os aumentos dos rendimentos unitários face à campanha anterior”, sendo que apenas para o centeio e para a cevada se prevêem produtividades superiores à média do último quinquénio (mais 5% e mais 15%, respectivamente).

Já nas culturas de Primavera, o INE perspectiva aumentos de 5% na área de milho e de batata de regadio, manutenções no tomate para a indústria e arroz e diminuições no girassol (menos 10%) e milho de sequeiro (menos 5%).

Dada a elevada disponibilidade de água no solo, os prados, pastagens e culturas forrageiras apresentam “um bom desenvolvimento vegetativo”, pelo que se prevêem “aumentos significativos dos rendimentos unitários destas culturas, o que, conjugados com uma boa qualidade dos fenos entretanto já colhidos, permite antever um ano sem grandes dificuldades na alimentação das diferentes espécies pecuárias”. Segundo o INE, “a utilização de rações industriais tem-se praticamente restringido aos arraçoamentos na pecuária de leite”.

Relativamente ao milho, o instituto destaca o aumento das áreas de regadio e as cotações “tendencialmente elevadas” desta commodity no mercado mundial para antever um aumento de 5% face a 2012 da área desta cultura em regadio, para perto dos 97 mil hectares, “em linha com a tendência observada nos últimos três anos”.

Quanto ao arroz, perspectiva-se que a área semeada se mantenha inalterada face a 2012 (31 mil hectares), já que, “apesar da elevada taxa de emergência, as plantas apresentam um reduzido desenvolvimento vegetativo, uma vez mais devido às baixas temperaturas”.

No que respeita ao tomate, a área plantada deverá ser semelhante à da campanha anterior, na ordem dos 14 mil hectares), enquanto no girassol se estima uma redução de 10% face a 2012 e na batata de regadio se deverá manter próxima da média dos últimos anos, nos 20 mil hectares.

De acordo com o INE, o prolongado período de chuvas do corrente ano agrícola acabou também por ter “efeitos nefastos” no desenvolvimento de algumas searas de cereais de Outono-Inverno, causando situações de asfixia radicular, com fraco desenvolvimento das plantas, e, em muitos casos, a invasão das culturas por infestantes.

“A conjugação destes factores determinou que, apesar de significativamente melhor que o do ano anterior, o rendimento unitário previsto para o trigo (mole e duro), para o triticale e para a aveia tenha ficado abaixo da média do último quinquénio”, refere, especificando que, no caso do centeio, se espera um aumento de produtividade de 25% face a 2012 e de 60% no caso da cevada.

As condições de saturação dos solos foram também “prejudiciais” para a batata de sequeiro, que regista um reduzido rendimento unitário e uma quebra nas produtividades, que se deverão ficar pelas 7,7 toneladas por hectare, das mais baixas das últimas décadas.
 

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