Exportações aceleram em Setembro mas défice comercial agrava-se
Crescimento mais alto das exportações foi acompanhado de aceleração ainda mais forte das importações de bens.
As exportações de bens cresceram 3,7% em Setembro face ao mesmo mês do ano passado, o que representa uma aceleração face à variação homóloga de 0,7% que se registou durante os oito primeiros meses de 2014. No entanto, as importações ainda cresceram mais e o défice comercial aumentou mais de 1000 milhões de euros.
Os dados do comércio internacional divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística dão conta de um resultado mais positivo das vendas das empresas para o estrangeiro, apesar da conjuntura negativa a que se assiste na segunda metade deste ano em alguns dos países principais clientes de Portugal.
As exportações de bens cresceram 3,7% em Setembro face ao período homólogo, depois de em Agosto terem caído 2,2%. Nos primeiros nove meses do ano, a variação das exportações é de 1%, uma ligeira melhoria face aos 0,7% que se registavam até Agosto.
Em Setembro, o crescimento das vendas para os países da União Europeia aumentaram 4,1%, ao passo que as exportações para fora da EU aumentaram 2,8%.
Durante este ano, revela o INE, as exportações de combustíveis tem vindo a afectar negativamente a evolução das exportações nacionais. Em primeiro lugar devido ao efeito base (em 2013 as exportações de combustível refinado aumentou muito devido à entrada em funcionamento de uma nova unidade de produção da Galp) e depois porque a empresa petrolífera portuguesa teve de suspender parte da sua produção no decorrer de 2014.
O problema para as contas externas nacionais foi que a acompanhar esta aceleração das exportações esteve também um crescimento mais elevado das importações de bens.
Segundo o INE, as compras efectuadas a países estrangeiros cresceram 5,6% em Setembro. Este valor é mais elevado do que a variação homóloga que se registou durante os primeiros oitos meses do ano: 3,2%.
As importações provenientes de países da União Europeia foi as que mais aumentaram, com uma taxa de variação de 11,1%. As importações de fora da EU caíram 8,1% em Setembro.
Esta aceleração mais acentuada das importações face às exportações veio agravar ainda mais o desequilíbrio da balança comercial de bens que se regista no decorrer deste ano. Até Agosto, o défice acumulado era de 6841 milhões de euros. Agora, feitas as contas aos primeiros nove meses do ano, este valor agravou-se em mais 1076 milhões de euros, chegando a um défice de 7917 milhões.
Nas suas relações comerciais, Portugal tem vindo a compensar uma parte significativa deste défice na balança de bens com um excedente na balança de serviços, que inclui por exemplo as receitas de turismo. Os dados publicados esta segunda-feira pelo INE não incluem, com é habitual, dados relativos às transacções de serviços.
Várias instituições, incluindo a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco de Portugal, têm vindo a rever em baixa as suas previsões de crescimento para as exportações nacionais este ano e no próximo. A explicação está no facto de a economia da zona euro, onde se encontram os principais clientes dos produtos e serviços portugueses, dar sinais de forte abrandamento.