Ex-deputado do PSD vai liderar Casa da Moeda

Nova administração, liderada por Rui Carp, já recebeu parecer positivo da comissão de recrutamento. Ex-presidente despede-se a citar Sérgio Godinho.

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Nova equipa já foi aprovada em assembleia geral da empresa na semana passada Joana Bourgard/Arquivo

O Governo escolheu Rui Carp, ex-deputado do PSD e antigo secretário de Estado do Orçamento, para presidir à Imprensa Nacional – Casa da Moeda (INCM). A nova administração, que incluirá ainda Rodrigo Lucena e Gonçalo Caseiro, já recebeu parecer positivo da Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública (Cresap).

O nome de Rui Carp, indicado pela secretária de Estado do Tesouro a 16 de Junho, foi considerado adequado pela comissão liderada por João Bilhim, que deu nota positiva ao responsável nas 12 áreas analisadas (capacidade de liderança e formação académica, por exemplo).

O novo presidente da Casa da Moeda, que já foi aprovado em assembleia geral da empresa a 4 de Julho, era actualmente técnico do Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério das Finanças e professor do ISEG. Entre 1985 e 1990, foi secretário de Estado do Orçamento, durante os governos liderados por Cavaco Silva, e posteriormente administrador da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

Deputado do PSD entre 1985 e 1991, Rui Carp chegou a ser escolhido para vice-presidente do grupo parlamentar social-democrata.

À semelhança do novo presidente da Casa da Moeda, também Rodrigo Lucena, antigo chefe de gabinete do secretário de Estado do Tesouro e Finanças (entre 1999 e 2000) e ex-administrador do Instituto de Seguros de Portugal, e Gonçalo Caseiro, que era até vogal do conselho directivo da Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública, receberam parecer positivo da Cresap.

A INCM, que hoje emprega quase 670 pessoas, registou lucros de 14 milhões de euros em 2013, o que significou um decréscimo de 15% face ao ano anterior. A empresa, detida em 100% pelo Estado, é responsável pela produção de bens e serviços, como a cunhagem de moeda metálica e a edição de publicações, de que é exemplo o Diário da República.

A despedida insólita do antigo presidente
A nova administração substitui a equipa liderada, até agora, por António Osório e que contava ainda com Maria Luísa Pacheco, antiga chefe de gabinete da actual ministra das Finanças (quando Maria Luís Albuquerque era secretária de Estado do Tesouro), e com Rodrigo Brum.

Na despedida, o ex-presidente da Casa da Moeda enviou uma mensagem insólita aos trabalhadores, em que cita Sérgio Godinho para criticar os que “ficam à espera do comboio na paragem do autocarro”, numa alusão à música Lá em baixo.

António Osório escreve que “depois de muitos episódios, mais ou menos caricatos, chegaram ao fim 22 meses (quase dois anos) de trabalho na INCM”. “Poderia despedir-me de todos da forma canónica, ‘gostei muito, foi um prazer, etecetera e tal’, ou com um daqueles discursos de fazer chorar as pedras da calçada”, acrescenta

O responsável assume que, “depois de um início prometedor, os últimos meses, por razões internas e externas, foram marcados por um conjunto de dificuldades que não pensava ter de enfrentar enquanto presidente de um órgão colegial”.

E, por isso, diz que parte “de consciência tranquila” pois garante que tudo fez “para ultrapassar os problemas com que a instituição se debate”, desabafando que a “já longa carreira de gestor” lhe ensinou que “não se pode agradar a gregos e a troianos”.

Osório escreve então que “sempre quis estar do lado daqueles que quotidianamente se empenham e dão o melhor de si em prol da instituição, e não daqueles que, como diz o Sérgio Godinho, ‘ficam à espera do comboio na paragem do autocarro’, onde um dia surgirá aquela boleia necessária para quem, continuando a citar, ‘anda ao deus dará, perdido nessas ruas, vou ser mais sincero, sinto que anda às arrecuas, precisa de, galgar as escadas do sucesso’ [da música Arranja-me um emprego]”.

O agora ex-presidente da Casa da Moeda diz que os primeiros “são gente que eleva o nome” da empresa. Já com os restantes diz não partilhar “os mesmos valores”. “Somos de mundos diferentes. Por isso, os nossos caminhos separam-se aqui. Adeus”, remata.

 

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