Eurodeputados portugueses querem impedir abertura do mercado a têxteis do Paquistão

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Nuno Melo fez a proposta em nome da protecção da “indústria têxtil e do vestuário de Portugal e da Europa” Foto: Enric Vives-Rubio

Os eurodeputados portugueses Vital Moreira e Nuno Melo defenderam hoje que a abertura do mercado europeu ao Paquistão vai penalizar os países mais pobres, atingindo sobretudo a indústria têxtil portuguesa e podendo destruir postos de trabalho.

Neste sentido, o eurodeputado Nuno Melo (CDS-PP) apresentou hoje uma proposta de resolução, em Estrasburgo, pedindo o impedimento da abertura do mercado da União Europeia aos têxteis do Paquistão, recentemente decidida pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que tem ainda de ser aprovada pelo Parlamento Europeu.

O pedido de Nuno Melo é feito com base no sistema de tratamento preferencial às exportações de produtos de um país específico (“Waiver”) e em nome da protecção da “indústria têxtil e do vestuário de Portugal e da Europa das situações de dumping e de concorrência desleal que aquela abertura implicará”, segundo um comunicado do eurodeputado.

O eurodeputado sublinhou que “as empresas portuguesas e europeias terão de concorrer com empresas paquistanesas que recorrem ao trabalho infantil, não suportam custos sociais, ambientais, utilizam matérias-primas proibidas na UE e subvertem as normais regras de mercado”.

Também o socialista Vital Moreira defendeu hoje que a concessão de preferências comerciais unilaterais adicionais ao Paquistão vai penalizar os países mais pobres da União Europeia e destruir empregos.

“A proposta da Comissão Europeia de conceder ao Paquistão preferências comerciais excepcionais e unilaterais resultará na destruição de empregos na Europa”, afirmou o eurodeputado, manifestando-se contra a conclusão deste processo que terá que ser aprovado pelo Parlamento Europeu.

Em declarações à Lusa, Vital Moreira explicou que, quando a União Europeia concedeu apoio financeiro às vítimas das inundações, que atingiram o Paquistão durante o Verão de 2010, todos os países contribuíram, mas “esta generosidade vai acabar por ser paga por os países mais pobres”.

O Concelho para o Comércio de Bens (órgão da OMC) aprovou no dia 1 de Fevereiro um pedido da UE para o levantamento temporário de taxas alfandegárias sobre certos produtos originários do Paquistão.

O pedido foi apresentado após as inundações de 2010 e teve como objectivo ajudar as populações afectadas pelas cheias.

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