Euro em mínimos de 11 anos e juros da dívida no valor mais baixo de sempre

Bolsas reagiram em alta, com Lisboa a registar uma das maiores valorizações europeias.

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Sentimento negativo dos investidores volta a atirar bolsas para fortes quedas. Foto: Rafael Marchante/Reuters

O anúncio de compra de dívida pública por parte do BCE, apesar de aguardado, teve reflexos directos nos mercados financeiros, com destaque para a desvalorização em 1,8% do euro, que caiu para 1,1393 dólares, mínimo de 2003, ou seja, 11 anos.

Antecipando a decisão de compra de dívida pública, o euro já tinha vindo a perder valor face ao dólar, desvalorizando 5,8% desde início de Janeiro. Considerando a evolução dos últimos 12 meses, a desvalorização é de 15,9%.

Apesar de esperado, o anúncio de Mário Draghi conseguiu surpreender os mercados pelo discurso firme na vontade de inverter o actual rumo da inflação, facto que ajuda a explicar a forte queda dos juros das obrigações soberanas, com destaque para as dos países do Sul da Europa.

O objectivo de manter as taxas de juros das dívidas soberanas em níveis baixos, outro dos propósitos do programa de quantitative easing, também está parcialmente conseguido. Ainda assim, no caso dos juros das dívidas a 10 anos de Portugal e Espanha, o dia foi de novos mínimos históricos.

A taxa implícita das obrigações portuguesas caiu para 2,36% e as espanholas para 1,45%. Os juros da dívida de outros países da zona euro registaram a mesma tendência de queda, incluindo o bond alemão, que está em 0,46%.

Ao manter a Grécia no programa, o BCE reverteu a tendência de subida da dívida grega, que esta quinta-feira recuou 20 pontos base, para 9,3%.

Os mercados accionistas iniciaram a sessão com ganhos muito modestos, com a bolsa alemão a negociar mesmo em terreno negativo, acelerando para ganhos acima de 1% após o anúncio de Draghi.

O EUROFIRST 300, que agrupa as maiores empresas europeias cotadas, valorizou 1,56%, para máximo de sete anos. O principal índice da bolsa de Frankfurt, o DAX, encerrou a ganhar 1,32%, o CAC de Paris subiu 1,52% e o FTSE de Londres 1,02%.

Na última sessão antes das eleições legislativas, que podem ditar uma viragem política, a bolsa grega encerrou a subir 1,16%.

As maiores subidas foram registadas nos mercados bolsistas de Espanha, a subir 1,70%, de Portugal, a valorizar 2,36%, e de Itália, com um ganho de 2,44%.

A bolsa de Lisboa foi impulsionada pela valorização de algumas empresas, com destaque para a Portugal Telecom (PT), que encerrou com um ganho de 23,94%, para 0,79 euros. A valorização da PT acompanhou os ganhos da brasileira Oi, no dia em que a assembleia de accionistas da empresa reuniu pela segunda vez para votar a venda dos activos da operadora portuguesa aos franceses da Altice. O fecho do mercado aconteceu antes de se conhecer a decisão da AG.

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