Euro e dívidas soberanas reforçaram tendência de queda

Directora do FMI cautelosa quanto ao alcance das medida do BCE.

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Sentimento negativo dos investidores volta a atirar bolsas para fortes quedas. Foto: Rafael Marchante/Reuters

Embora com algumas hesitações, os mercados financeiros continuaram nesta sexta-feira a reagir de forma positiva ao anúncio de compra de dívida por parte do Banco Central Europeu (BCE), com quedas no euro e nos juros das dívidas soberanas e subidas nas bolsas.

Ao longo do dia, alguns comentários ao programa do BCE, como os da directora do FMI – que veio alertar para a necessidade de mais medidas para reactivar as economias europeias –, ajudaram a explicar alguma travagem na queda do euro.

"Não creio que seja suficiente para relançar a actividade europeia e dar apoio ao crescimento", afirmou Christine Lagarde, numa entrevista à televisão pública France 2, citada pela Lusa. Lagarde referiu ainda que o programa do BCE  "é um complemento muito importante, mas que além disso são necessárias reformas estruturais de fundo que ajudem a melhorar a competitividade estrutural de um certo número de economias".

Também o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, veio defender que considera que a medida do BCE pode deixar de incentivar a consolidação orçamental e envolve riscos. A posição do líder do banco central alemão está em sintonia com a oposição que o governo do país manifestou desde a primeira hora à compra de dívida soberana.

Apesar de ter negociado em novo mínimo desde Setembro de 2003, em 1,111 dólares, o euro anulou parte da queda, cotando, na recta final do dia, a 1,1259 dólares, menos 0,78% face a quinta-feira.

Ainda assim, o movimento de queda é expressivo face ao dólar e também em relação a outras moedas fortes, com destaque para a perda de paridade com o franco suíço, ao cair para 0,97 francos. Em relação à libra, a queda é igualmente forte, caindo abaixo dos 75 pences, o que não acontecia há sete anos, destaca a edição online do Expanción, que refere ainda que o euro caiu para mínimos de 14 anos face à divisa japonesa, cotando a 132 ienes.

Logo depois do anúncio da medida do BCE, alguns bancos de investimento ajustaram as suas projecções para o valor do euro no final do corrente ano, que, no caso do Morgan Stanley, representou uma descida de 1,12 para 1,05 dólares.

Para além do euro, também aos juros das dívidas soberanas voltaram a cair, renovando mínimos históricos, apesar do maior nervosismo dos investidores face às eleições gregas, marcadas para este domingo.

Renovando valores mais baixos de sempre estão os juros a dez anos de Portugal, a cair para 2,367%, e a dois anos, a 0,176%. Mínimos de sempre também na dívida a dez anos de Espanha, que chegou a negociar abaixo de 1,4%, e forte queda nos juros exigidos pelos investidores, no segundo mercado, pelos títulos de dívida dos restantes países da zona euro.

Já os mercados accionistas registaram-se valorizações expressivas, especialmente a bolsa alemã, que encerrou a ganhar 2,05%. Muito próximo desse nível, com um ganho de 1,93%, esteve a bolsa de Paris, e o índice Eurofirst 300, que agrupa as 300 maiores empresas europeias, encerrou a subir 1,70%. Também o Eurostoxx50 valorizou 1,80%.

A evolução das praças do sul da Europa, designadamente Espanha, Portugal e Itália, que na sessão de quinta-feira lideraram as valorizações, apresentaram nesta sexta-feira subidas menores. Lisboa valorizou 0,53%, Madrid ganhou 0,67% e Milão ficou-se pelos 0,24%.

Ainda no sul da Europa, mas a viver circunstâncias muito particulares, as eleições de domingo, a bolsa grega encerrou com ganhos superiores a 6%.

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