Euribor subiu em Março e vai agravar os empréstimos da casa a rever em Abril

Queda da inflação surpreende pela negativa e deverá travar subida das taxas nos próximos meses.

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Prestação dos empréstimos a rever em Abril vai subir Nelson Garrido

As taxas Euribor, a que estão associados os empréstimos à habitação em Portugal, subiram em Março e vão agravar a prestação da casa no caso dos contratos a rever em Abril. A subida das taxas do mercado interbancário no último mês foi impulsionada por alguns sinais de melhoria nas economias da zona euro, mas a queda da inflação em Março pode travar essa subida.

A média da Euribor a três meses fixou-se em 0,305%, acima dos 0,288% verificados em Fevereiro. Trata-se do valor mais alto desde Agosto de 2012 e a primeira vez, desde esse mês, que a taxa se situa acima de 0,3%. Uma simulação realizada pelo PÚBLICO, para um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread de 0,7%, revela um agravamento na prestação mensal de nove euros, para 489,73 euros.

A Euribor a seis meses, o prazo mais utilizado no conjunto dos contratos à habitação em Portugal, subiu em Março para 0,407%, contra 0,387% (Fevereiro). Desde Outubro de 2012 que este prazo não se situava acima dos 0,4%. A mesma simulação, para esta taxa, mostra um agravamento da prestação em 4,51 euros, para 489,87 euros. A Euribor a 12 meses também subiu, atingindo os 0,577%, quando em Fevereiro tinha ficado nos 0,549%. A actualização das taxas vai ocorrendo ao trimestre ou ao semestre, conforme o indexante que está na base do contrato.

Apesar da subida em Março, a expectativa de um conjunto alargado de analistas de economistas é que as taxas se mantenham em níveis baixos até ao final do corrente ano.

A subida da Euribor no último mês foi gerada por alguns sinais positivos da economia da zona euro, como a subida da confiança em Março, para os 102,4 pontos, o valor mais elevado desde Julho de 2011. No entanto, a queda da inflação pode ajudar a travar a tendência de subida, e pressionar o BCE a tomar medidas de estímulo para travar a queda dos preços e afastar o risco de deflação.

Os dados do Eurostat, divulgados esta segunda-feira, mostram que a taxa de inflação recuou de 0,7%, em Fevereiro, para 0,5%, em Março, ficando abaixo da estimativa média dos analistas consultados pela Bloomberg, que apontavam para uma inflação de 0,6%. A taxa de inflação está pelo sexto mês consecutivo abaixo de 1%, quando o patamar estimado pelo BCE é de que o valor médio se mantenha este ano em 1%.

Mario Draghi, presidente do BCE, tem afirmado estar pronto para tomar novas medidas, incluindo baixar ainda mais as suas taxas de referência, se for necessário. A taxa directora do BCE está actualmente em 0,25%, mínimo histórico.

Os dados da inflação serão analisados na reunião mensal da instituição, a realizar esta quinta-feira, altura em que se ficará a saber se a instituição vai ou não tomar medidas para travar a queda dos preços, através de medidas de estímulos ao crescimento das economias da zona euro.
 

   





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