Estudo do Bundesbank conclui que alemães são menos ricos que espanhóis e italianos

O estudo está a ser alvo de críticas, sobretudo ao nível metodológico.

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O número de desempregados na Alemanha atingiu em Junho os 2,88 milhões Foto: Robert Michael/AFP

Um estudo do Bundesbank conclui que o património das famílias alemãs é inferior ao das espanholas ou ao das italianas e foi muito criticado na Alemanha, por se basear numa metodologia considerada pouco fiável.

A edição do Spiegel Online, citada hoje pela AFP, estimava na sexta-feira que o estudo do banco central alemão tem uma série de problemas metodológicos, nomeadamente no que se refere ao universo abrangido, ao património considerado e às datas de referência.

De acordo com o Bundesbank, as famílias alemãs detêm, em média, 195.200 euros, enquanto as francesas têm 229.300 euros e as espanholas 285.800 euros.

O património mediano (tendência central da amostra)  seria apenas de 51.400 euros na Alemanha, ou seja, duas a três vezes menos do que em França (113.500), em Espanha (178.300) e em Itália (163.900).

Face a estes números, que suscitaram espanto, a principal explicação apontada pelo Bundesbank é a baixa proporção de alemães proprietários de casa por comparação aos outros países da Europa.

Apenas 44,2% dos alemães é dono da sua habitação, contra 57,9% dos franceses e 82,7% dos espanhóis, de acordo com o banco central alemão, que estima que os proprietários imobiliários são, em média, mais ricos do que os outros.

O estudo foi amplamente mediatizado na Alemanha, numa altura em que a chanceler alemã, Angela Merkel, está sob pressão para defender os interesses dos contribuintes germânicos, embora seja criticada pelos outros países do euro por falta de solidariedade.

O relatório foi também muito criticado pelas datas de referência consideradas: por exemplo, o património detido pelos espanhóis refere-se a dados de 2008, sendo que os preços das casas caíram depois da bolha imobiliária em Espanha.

Além disso, o estudo também não considera os direitos à reforma nem as prestações sociais, que representam a quase totalidade da riqueza das famílias mais pobres.

Comparar o património das famílias, e não das pessoas individuais, coloca também um problema, na medida em que a dimensão média é maior nos outros países europeus do que na Alemanha, que tem muitas pessoas que vivem sozinhas.

Interrogado na sexta-feira, um porta-voz do Bundesbank escusou-se a fazer comentários, mas esclareceu que o estudo incide sobre as famílias alemãs e que, "para as comparações internacionais, é preciso esperar pelos números do Banco Central Europeu".

Notícia corrigida às 21:34: Correcção do terceiro parágrafo na definição de património mediano. 
 
 

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