Estão condenados a entender-se

Espanhóis e angolanos estão numa guerra de poder. Ou chegam a acordo ou não haverá um vencedor

O que está em causa é saber quem poderá mandar no maior banco português. Mas o curioso é que ainda não se sabe qual será o maior banco português; se será uma instituição que resultará da junção do BPI, que por sua vez pode comprar o Novo Banco (antigo BES), ou se resultará de uma fusão entre o BPI e o BCP.

Os espanhóis e os angolanos querem ambos criar um gigante do sector financeiro em Portugal, e o que os separa é o caminho para lá chegar e uma questão de poder: quem vai mandar nesse novo banco?

Os catalães lançaram uma OPA sobre o BPI para ficar com a maioria do capital e, mais do que isso, para tentar desblindar os estatutos que limitam a 20% a contagem de votos de um único accionista. E só assim estarão na disposição de apoiar a proposta da administração de Fernando Ulrich, que pretende comprar o Novo Banco. O La Caixa não quer fazer um esforço financeiro correspondente à sua posição de 44,1% e ficar com um poder efectivo limitado a 20%. Mas para isso precisa do apoio de Isabel dos Santos, que, com a sua posição de 18,6% no BPI, consegue uma minoria de bloqueio.

Do lado dos angolanos já se percebeu que ficaram numa posição de desconforto e, como tal, passaram ao contra-ataque. Rejeitam os actuais termos da OPA e avançam, ao invés, com uma proposta de fusão entre o BPI e o BCP. Neste cenário, os angolanos (Isabel dos Santos e a Sonangol) passariam a ter uma percentagem de capital superior à dos espanhóis, que passariam a segundos na escala de poder. Mas para isso a empresária angolana teria de contar com a concordância do La Caixa.

Trata-se de uma guerra de poder em que ambos os lados têm poder de veto sobre as pretensões do adversário. E das duas uma: ou os dois grupos se aliam para dividir o poder, ou dificilmente qualquer um dos lados estará em condições de almejar criar um gigante no sector que ombreie com a CGD.

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