Estado angolano injecta 38 milhões em empresa de distribuição de electricidade

Angola vai capitalizar a empresa pública que se associou a Isabel dos Santos para comprar a maioria da Efacec.

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Miguel Madeira

O Estado angolano vai capitalizar a nova empresa pública nacional responsável pela comercialização e distribuição de electricidade com mais de 38 milhões de euros, segundo um despacho presidencial.

De acordo com o documento assinado pelo Presidente José Eduardo dos Santos, de 18 de Agosto, é autorizado um crédito adicional para a capitalização da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE), criada em Novembro de 2014.

Este estabelece ainda que caberá ao Instituto para o Sector Empresarial Público a abertura do crédito necessário, no valor de 5.417.600.000 de kwanzas (38,6 milhões de euros).

Esta é a empresa estatal angolana que se associou a Isabel dos Santos para comprar 65% da Efacec Power Solutions, a maior empresa portuguesa de electrónica e electromecânica. A operação, que envolveu cerca de 200 milhões de euros, foi efectuada através de uma sociedade veículo, a Winterfell, onde Isabel dos Santos é a maior accionista, ficando a EDEL com uma posição minoritária.  

O governo angolano criou há cerca de um ano três novas empresas públicas para gerir a área da energia, avaliadas em mais de 9,5 mil milhões de euros, e a extinção de outras duas.

A decisão foi justificada pelo Executivo de José Eduardo dos Santos com a "estratégia de desenvolvimento do sector eléctrico" do país e pela necessidade de "saneamento financeiro das empresas do sector".

A nova estrutura organizativa do sector, também no âmbito do desenvolvimento programado até 2025, envolve a criação de unidades de negócio dedicadas expressamente à Produção, Transporte e Distribuição de energia.

O diploma com estas medidas entrou em vigor a 20 de Novembro e aprovou a extinção das empresas públicas ENE (Empresa Nacional de Electricidade) e EDEL (Empresa de Distribuição de Electricidade).

Os activos destas duas empresas - e ainda do Gabinete de Aproveitamento do Médio Kwanza -, bem como responsabilidades e trabalhadores foram distribuídos, em função das unidades de negócio, pelas novas empresas criadas.

É o caso da empresa pública de Produção de Electricidade (PRODEL), "responsável pela exploração, em regime de serviço público, dos centros electroprodutores", integrando um capital estatutário de 4.997 milhões de dólares (4,4 mil milhões de euros).

Outra das novas empresas públicas constituídas é a Rede Nacional de Transporte de Electricidade (RNT), "dedicada exclusivamente à gestão do sistema, à operação do mercado (comprador único) e à gestão da rede de transporte" e com um capital estatuário de 2997 milhões de dólares (2,6 mil milhões de euros).

Por último, o mesmo diploma criou a ENDE, dedicada "exclusivamente à comercialização e distribuição de energia eléctrica, no âmbito do sistema eléctrico público", representando um capital estatuário de 2918 milhões de dólares (mais de 2,6 mil milhões de euros).

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