Espanha abre investigação à Pescanova por indícios de abuso de mercado

Duas semanas depois de ter iniciado um processo de renegociação de dívida, a espanhola Pescanova é alvo de investigação por indícios de abuso de mercado.

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Delegação portuguesa da Pescanova não prevê perturbações com crise financeira da empresa-mãe Adriano Miranda

O regulador de mercado espanhol anunciou na tarde de segunda-feira a abertura de uma investigação à empresa espanhola Pescanova, de forma a apurar “a existência de possíveis indícios de comportamento de abuso de mercado por parte da empresa, dos seus administradores ou de terceiros”.

A Pescanova terá agora de entregar ao regulador os resultados financeiros do último semestre de 2012 “com a maior brevidade possível”, como se lê no comunicado do regulador espanhol. Para além do mais, pede que seja divulgada publicamente “informação complementar acerca da situação patrimonial, níveis de endividamento, dívidas vencidas ou não pagas”.

No dia 1 de Março, a Pescanova abriu um pré-concurso de credores para dar início a um processo de reestruturação da dívida, declarando que era incapaz de pagar as dívidas a que estava obrigada em 2013. No seguimento da abertura deste processo, a empresa anunciou também que não iria apresentar os resultados financeiros do final de 2012.

De acordo com o diário espanhol Cinco Días, a Pescanova perdeu 58% do valor em bolsa desde a última sessão em que encerrou em alta, no dia 28 de Fevereiro. Ao todo, o descalabro na bolsa espanhola levou a que o preço por acção caísse dos 17,4 euros no final de Fevereiro para os 6,96 euros por título nesta terça-feira.

A dívida da Pescanova deve rondar os 1500 milhões de euros no total, segundo avança o Cinco Días. Deste montante, a empresa espanhola teria que reembolsar 203 milhões em dívida ao longo de 2013.

Também na segunda-feira, a Pescanova anunciou que suspendera o contrato com Houlihan Lokey, o assessor financeiro da empresa para o processo de renegociação de dívida que deu início ao processo no início de Março. A empresa avançou, contudo, que esta suspensão não significa o fim do contrato com o assessor.

A delegação portuguesa da Pescanova disse, em declarações ao Diário de Notícias, que, até ao momento, não há indícios de que a crise de financiamento da empresa-mãe espanhola possa afectar as operações e postos de trabalho em Portugal.
 

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