Escolas não funcionam com menos 50 mil professores, dizem Fenprof e FNE

Fenprof fala em "desastre absoluto". FNE diz que dispensa de metade do corpo docente "impossibilitaria o funcionamento do sistema educativo".

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Com menos professores, as turmas seriam "gigantescas e os horários incomportáveis", prevê Dias da Silva Rui Gaudêncio

É "absolutamente impossível levar por diante as medidas propostas pelo FMI", considera Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof). Para o presidente da Federação Nacional de Educação (FNE), a dispensa de 50 mil professores apontada como um dos caminhos para a reforma do Estado, num relatório do FMI, “impossibilitaria o funcionamento do sistema educativo”.

A dispensa de 50 mil professores, o aumento das taxas moderadoras e um corte em todas as pensões são algumas das medidas propostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) num relatório pedido pelo Governo sobre o corte nas funções do Estado.

“Se se concretizarem estas medidas, vai ser um desastre absoluto e total. Nesse quadro, o ministro Nuno Crato não passará de uma mera figura de retórica, porque, na verdade, ele serve apenas para arranjar justificações para aquilo que não tem justificaçã,o que é, de facto, a destruição completa do sistema educativo que Portugal tem”, acusa Mário Nogueira.

"Uma escola para todos e com preocupações de equidade não seria possível com uma redução desta natureza, é uma redução que impossibilitaria o funcionamento do sistema educativo", considera Dias da Silva. Esta diminuição prevista pelo estudo "significaria um corte de 50% dos professores que temos neste momento no sistema educativo", acrescenta. Ou seja, "não comportaria condições mínimas de funcionamento, significaria turmas gigantescas e horários de trabalho incomportáveis", exemplifica.

Para Mário Nogueira, a proposta “significa que, neste momento, já não há limites para a destruição, é arrasar, é deitar abaixo tudo aquilo que foi construído e que foi difícil”. “Trata-se de retirar da educação aquilo que se está a pagar aos bancos e tudo aquilo que é vigarice que neste país foi feito por muita gente que continua impune”, avalia o dirigente da Fenprof.

Dias da Silva lembra “as diminuições já registadas nas contratações de professores, em resultado da reforma curricular, que reduziu determinadas ofertas educativas dos nossos alunos, depois do crescimento do número de alunos por turma e depois da diminuição do tempo de oferta de medidas complementares de apoio aos alunos com dificuldades, o sistema educativo em termos de professores estará pelas pontas”. 

“Não são só as medidas em si, elas acrescem aos cortes já previstos no Orçamento do Estado para 2013, que também já prevêem uma forte redução de verbas na educação, nomeadamente com a tomada de medidas que provocarão mais despedimentos, mais desemprego, mais mega-agrupamentos, ou seja, são medidas em cima de medidas, de uma violência completa”, corrobora Mário Nogueira. 

O presidente da FNE lembra ainda que o ministério vai realizar um concurso de passagem ao quadro de 600 professores contratados, porque "é o número que corresponde a necessidades permanentes do sistema educativo".

“Penso que o ministro Nuno Crato, se não tomar uma atitude de se demarcar disto indo embora, vai ficar simplesmente a fazer a figura do palhaço pobre do circo em ruínas”, conclui Mário Nogueira. Na quinta-feira, a Fenprof vai reunir-se e divulgará as iniciativas previstas na "defesa da escola pública e da profissão de professor", diz a federação em comunicado.
 

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