Escolas de condução em “crise” sobretudo devido a “má gestão”, defende associação do sector

Associação das escolas de condução aponta erros de gestão em grande parte das instituições do sector.

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A crise tem tem provocado uma diminuição no número de alunos nas escolas de condução MÁRIO AUGUSTO CARNEIRO

O presidente da Associação Portuguesas de Escolas de Condução (APEC), Alcino Cruz, afirmou nesta segunda-feira que o sector atravessa uma situação de “crise” resultante não apenas da conjuntura económica, mas sobretudo da “banalização” dos preços e de “má gestão”.

“Houve um grupo de escolas que tentou banalizar os preços que se estavam a praticar pelas cartas de condução, com publicidade a preços de 119 euros e de 250 euros. Começaram todos a fazer os mesmos preços e, depois, chegaram a esta situação de crise maior ainda”, sustentou o dirigente associativo, em declarações à agência Lusa.

Garantindo que “250 euros não pagam, sequer, a parte burocrática”, Alcino Cruz refere que “preços abaixo dos 600 euros pela carta de condução dão prejuízo” às escolas.

Este facto, aliado à actual conjuntura económica – que tem provocado uma diminuição no número de alunos e levado “20 a 30%” dos candidatos inscritos a desistir por incapacidade económica – é apontado pela APEC como estando na base da “situação financeira caótica” em que estão diversas escolas de condução em Portugal.

Adicionalmente, Alcino Cruz aponta erros de gestão em grande parte das escolas, que diz não terem sabido enfrentar a crise efectuando a necessária reestruturação de custos. Uma reestruturação, sustenta, passa pela opção por veículos de instrução mais económico – em torno dos 9000 euros, contra os automóveis de 15, 20 ou 25 mil euros adquiridos por “grande parte “das escolas – e por uma “gestão equilibrada” que permita enfrentar os tempos de menor procura.

Para Alcino Cruz, situações como a das escolas “A Desportiva” – detida pela empresa Samuel Alves Pinto & Filhos, com oito escolas na zona norte e em processo de insolvência devido a dívidas de cinco milhões de euros – resultam, necessariamente, de “má gestão”.

Ainda assim, o presidente da APEC diz não ter conhecimento de mais casos de insolvências no sector em Portugal, mas apenas de situações em que as dívidas à Segurança Social estão a ser pagas de forma parcelar e em que se registam atrasos no pagamento de salários a funcionários.

“Tenho conhecimento de alguns casos de salários em atraso, sobretudo nos grupos de escolas, com vários sócios. Mas, se não fizerem reformas e tudo continuar na mesma, mais tarde ou mais cedo vão falir”, afirmou.

Destacando ter já feito vários alertas junto do sector, a APEC acredita que as escolas de condução “já estão a cair em si” e diz ter “promessas” de alguns dos principais grupos “de que, a partir de Fevereiro, já vão estabilizar os preços das cartas para os 600 euros”, o que “vai tirar as escolas da situação financeira caótica em que estão”.
 

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