Empresas terão 2011 “muito difícil” devido a aumento de custos, diz António Saraiva

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António Saraiva, presidente da CIP até 2013 Shamila Mussa

O presidente da Confederação Empresarial Portuguesa (CIP) reiterou hoje que 2011 será um ano “muito difícil” para as empresas devido à diminuição da procura e do aumento de custos de matérias-primas não energéticas e da electricidade, gás natural e petróleo.

No seu discurso de tomada de posse como presidente da entidade, António Saraiva disse que 2011 “irá ser um ano muito difícil para todos os agentes económicos”.

“Para a sociedade em geral, há o risco de tensão social, provocada pelo aumento do desemprego, especialmente o de longa duração e o desemprego jovem, que constitui um drama social de dimensão verdadeiramente preocupante. Para as famílias, devido à perda de rendimento disponível e, consequentemente, de bem-estar”, disse o responsável.

Também será difícil para o Estado, “uma vez que terá de racionalizar fortemente recursos e reduzir despesa em montante muito substancial”.

Sobre o aumento de custos da electricidade e do gás natural, António Saraiva deixou um aparte acerca da política energética do Governo, que mantém uma aposta nas energias renováveis e na co-geração cujos sobrecustos depois se reflectem nas tarifas.

“Um pequeno parêntesis neste ponto que considero fundamental: o custo das matérias-primas está fora do nosso controlo, é certo. Mas o custo da energia de que todos necessitamos é um assunto nosso, é controlado por nós. Não haverá, aqui, alguns exageros, alguns ‘descuidos’”, questionou o presidente da CIP.

“Entendo a bondade de algumas visões mas e a nossa competitividade? É urgente rever os mecanismos de formação de preços de bens e serviços essenciais à indústria”, concretizou.

Por outro lado “e agravando ainda mais a já difícil situação das empresas”, disse António Saraiva “todos os dias aumentam as dificuldades no acesso ao crédito, que é cada vez mais restritivo, e sobem as taxas de juros e os spreads, que são cada vez mais elevados”.

As empresas, disse o responsável, “não conseguem financiar investimentos” e as suas tesourarias “estão cada vez mais exauridas, não só porque não conseguem crédito mas também porque os clientes -- com destaque para o Estado -- não pagam a tempo e horas”.

“Assim, não vamos lá”, sublinhou.

Por isso mesmo, António Saraiva considerou que “o principal desafio da economia portuguesa em 2011 irá ser o controlo efectivo da despesa pública”.

No que diz respeito a constrangimentos de funcionamento para as empresas, António Saraiva identificou os “problemas no funcionamento do sistema judicial”, “os atrasos nos pagamentos do Estado às empresas fornecedoras”, a “rigidez do mercado de trabalho” e a “excessiva carga burocrática, legislativa e administrativa, que afecta sobretudo as PME”.

Referindo igualmente o preço da energia, o presidente da CIP falou ainda de “sistemas fiscal e parafiscal que não promovem a competitividade das empresas nacionais”.

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