Empresas de trabalho temporário desdobram-se em pedidos de ajuda

Limitações ao envio de trabalhadores para o estrangeiro motivaram cartas ao primeiro-ministro, deputados da Assembleia da República e membros do anterior Governo.

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Empresários criticam critério "cinzento" da Segurança Social Miguel Manso

Adelaide Dias, sócia-gerente da Scrimet, decidiu em Junho participar num evento onde estava o primeiro-ministro, António Costa, para lhe pedir ajuda sobre a falta de autorizações para destacamento de trabalhadores, mas apenas conseguiu entregar-lhe uma carta em mão. Esta empresária, que no ano passado facturou dois milhões de euros e dá emprego a 60 pessoas, disse ao PÚBLICO que, "em desespero", também escreveu ao ministro Vieira da Silva, e a responsáveis da Segurança Social, sem êxito até ao momento. Com trabalhadores na Holanda, Bélgica e Congo, receia ter de fechar as portas brevemente. Em Setembro, o seu principal cliente, holandês, vem a Portugal fazer uma inspecção regular à Scrimet e, apesar de já ter manifestado grande compreensão quanto à limitação da Segurança Social relativamente ao volume de negócios em Portugal, pode decidir suspender-lhe a autorização para continuar a trabalhar no país por falta de autorizações de destacamento. Diz não ter qualquer dívida à Segurança Social e às Finanças. Entretanto, esta semana recebeu duas respostas positivas da Segurança Social, o que a deixou esperançada.

Emílio Barbosa, sócio-gerente da Soldometal, é outro empresário a queixar-se do organismo estatal. Garante que perdeu recentemente um contrato de colocação de 100 trabalhadores em França por indeferimento dos pedidos. “Eram pessoas que eu iria tirar do fundo do desemprego”, disse ao PÚBLICO. Este empresário já enviou uma exposição à Assembleia da República e apelou a responsáveis da Segurança Social, explicando-lhes que “há outros países a desvalorizar a questão da percentagem de negócios no país", e que,  com a recusa dos pedidos, a segurança Social está a prejudicar a sua empresa e o país”. Para tentar garantir a sobrevivência da Soldometal, com 150 trabalhadores, este empresário diz que “contratou recentemente dois comerciais para trabalharem o mercado nacional, mas há pouco trabalho e muitas empresas portuguesas que não pagam”. Em 38 anos de actividade diz “não ter ficado a dever nada a ninguém”, lembrando que o cumprimento das obrigações fiscais e à Segurança Social é uma exigência dos clientes estrangeiros.

Paulo Renato, gerente da True Work também enviou exposições aos deputados no parlamento e a vários governantes, pedindo a sua intervenção para alterar o procedimento da instituição pública que, para além de indeferir os pedidos com base num critério “cinzento”, demora “imenso tempo” a responder aos pedidos, numa actividade em que a rapidez é um factor crucial. Paulo Renato diz ter ganho recentemente “um contrato em Portugal, que lhe permite cumprir a percentagem exigida pela Segurança Social e respirar de alívio por algum tempo”.

Já Rogério Santos, administrador da Epalmo, pediu ajuda a ministros do anterior Governo e a várias entidades, uma vez que os indeferimentos começaram em meados de 2014. Este empresário diz ter feito várias diligências junto do Instituto da Segurança Social, para explicar as especificidades destas empresas, mas sem sucesso. “Não nos recebem”, afirmou ao PÚBLICO, uma situação também relatada por outros empresários. A TBS chegou a pedir ajuda à AICEP. Nas duas empresas estão em causa 350 postos de trabalho.

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