Emprego cai pelo segundo mês consecutivo

Em Setembro havia menos seis mil pessoas empregadas do que em Agosto. Taxa de desemprego provisória caiu um ponto percentual para 12,2%.

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Instituto Nacional de Estatística divulga dados mensais do mercado de trabalho desde o ano passado. Gonçalo Santos

O emprego está a recuar em Portugal há dois meses seguidos. A tendência, identificada nas estatísticas provisórias divulgadas nesta quinta-feira, mostra que a recuperação do mercado de trabalho poderá ser mais lenta do que indiciavam os primeiros meses do ano. Depois de em Agosto a população empregada ter encolhido quase 16 mil pessoas, o Instituto Nacional de Estatística (INE) dá conta da perda de seis mil postos de trabalho em Setembro.

A redução da população empregada – que agora se cifra em 4,478 milhões de pessoas - nos últimos dois meses vem interromper o ciclo de crescimento que se iniciou em Fevereiro.

O decréscimo mensal foi observado em todos os grupos analisados pelo INE, mas afectou sobretudo os homens (menos 0,2% ou 4,5 mil) e os adultos (menos 0,1%; ou 3,8 mil), embora os  jovens dos 15 aos 24 anos (menos 0,8% ou 2,1 mil) e mulheres (menos 0,1% ou 1,2 mil) também tenham registado recuos.

Numa análise mais longa e que compara Setembro de 2014 com Setembro de 2015, verifica-se que há mais 22,5 mil pessoas empregadas, mas em termos percentuais nota-se que há um abrandamento, algo que também já se tinha verificado em Agosto.

As estatísticas agora divulgadas pelo INE dizem respeito à população dos 15 aos 74 anos e foram previamente ajustadas de sazonalidade (uma metodologia diferente da que é utilizada para apurar o desemprego trimestral). Mas se olharmos para os números que não têm em conta os efeitos das actividades sazonais confirma-se o recuo mensal do emprego e o aumento face ao período homólogo.

Os dados são provisórios e é preciso esperar pela divulgação dos números definitivos em Novembro, para se ter a certeza de que se inverteu a tendência na criação de postos de trabalho.

O INE dá também conta de uma redução de um ponto percentual na taxa de desemprego entre Agosto e Setembro. O desemprego, ajustado de sazonalidade, afecta agora 12,2% da população activa, o que se traduz em 621,8 mil pessoas à procura de trabalho.

Em Setembro havia menos 6,8 mil desempregados do que em Agosto e menos 59,4 mil do que no período homólogo. A taxa não ajustada da sazonalidade foi de 12,1%, tendo-se mantido face a Agosto.

O desemprego entre os jovens também diminuiu, mas de forma mais expressiva: passou de 31,6% em Agosto para 31,2% em Setembro, ou seja menos 0,4 pontos percentuais. Na comparação com o ano passado, a taxa de desemprego jovem recuou de 32,8% para 31,2%.

O INE publicou também os dados definitivos da taxa de desemprego do mês de Agosto que, afinal, ficou nos 12,3%, em vez dos 12,4% estimados inicialmente. Esta revisão não alterou contudo a tendência de crescimento de que os dados provisórios davam conta. O INE também reviu a taxa de desemprego de Julho (de 12,3% para 12,2%). Conclusão: o desemprego afectava 12,3% da população activa em Agosto, mais 0,1 pontos percentuais do que em Julho.

O destaque do INE não dá indicações sobre a evolução da população activa e inactiva, pelo que não é possível explicar totalmente o que está por detrás da queda da população empregada e da redução mensal do desemprego. Essa resposta só chegará na próxima semana quando forem divulgados os dados do terceiro trimestre do ano.

Desde o ano passado, o INE divulga todos os meses estatísticas provisórias sobre o andamento do mercado de trabalho em Portugal. Esses dados são apurados com base em trimestres móveis, compostos por dois meses para os quais a recolha da informação do inquérito ao emprego já foi concluída e um mês para o qual o INE faz uma projecção e estão, por isso, sujeitos a correcções.

Por vezes, essa revisão abrange os meses anteriores tal como agora aconteceu com o mês de Julho. “No que se refere aos dados ajustados de sazonalidade, os valores da série completa podem ser sempre sujeitos a revisões, dada a existência de mais uma observação e a natureza dinâmica dos modelos de ajustamento sazonal”, refere o INE. Estas revisões, acrescenta o instituto “são de pequena magnitude e tendem a centrar-se nos valores mais recentes”.

 

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