Em Portugal “há uma fadiga da austeridade que se começa a ver nas ruas”

Economista Nouriel Roubini defendeu que a austeridade fiscal deve ser reduzida quando se fazem reformas estruturais.

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Nouriel Roubini diz que em Portugal há vontade política Fred Prouser/Reuters

A austeridade tem sido “terrível” para a zona euro. Nouriel Roubini, o economia que previu a crise financeira de 2008, admite que a austeridade até é necessária mas os seus efeitos não devem ser ignorados.

“Muitas medidas de consolidação têm efeitos recessivos. As reformas estruturais, que são necessárias, também têm efeitos recessivos. Por isso, deve reduzir-se a austeridade fiscal quando se fazem reformas estruturais", explicou nesta terça-feira, durante uma conferência na Bolsa de Nova Iorque, Estados Unidos.

Em declarações à agência Lusa, o economista disse que em Portugal “há uma fadiga da austeridade, que se começa a ver nas ruas, que pode tornar-se um problema". "É um país em que há vontade política, comparado com outros países europeus", explicou, "mas pode haver uma mudança brusca se a economia não começar a melhorar”.

Nouriel Roubini defende que há uma separação entre o que se passa nos mercados financeiros, que têm tido bons desempenhos devido à existência de liquidez, e a economia real. “Este desequilíbrio não pode continuar para sempre. As forças da gravidade económicas vão forçar uma correcção (...) Ainda não existe uma bolha financeira, mas se esta situação continuar, dentro de um, dois, três anos há a possibilidade de um <i>crash</i>”, defendeu.

Ainda assim, Roubini admite que “a situação na Europa melhorou significativamente”. “Há um ano estávamos todos preocupados com o fim da zona euro, isso hoje já não acontece”, disse, enunciando vários motivos, entre os quais uma mudança de discurso em Bruxelas e Berlim e o lançamento do Programa de Transacções Monetárias Directas e do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira.

A palestra do economista estava integrada na programação dos <i>Pan European Days</i>, uma iniciativa da Euronext em que Portugal participa ao lado da Bélgica, Holanda e França.

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