Efromovich regressa mais forte, mas desta vez tem concorrência

O empresário, dono do grupo sul-americano Avianca, optou por um registo muito mais discreto do que em 2012.

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Efromovich continua a ver na transportadora aérea portuguesa uma ponte fundamental do seu grupo para a Europa REUTERS/John Vizcaino

A forma como Germán Efromovich está na corrida pela TAP mudou muito desde que, em 2012, viu a sua oferta ser rejeitada pelo Governo por falta de garantias bancárias. Há dois anos, com o seu estilo muito invulgar, multiplicou-se em entrevistas e mantinha poucas reservas sobre a proposta que apresentou. Talvez nunca esperasse aquele desfecho. Desta vez, fechou-se em copas, não indo além do “não comento” às perguntas dos jornalistas. O empresário, que detém o grupo sul-americano Avianca e a companhia brasileira com o mesmo nome, está mais forte, mas desta vez tem concorrência.

O império que controla no sector da aviação tem crescido nos últimos anos, tendo o grupo Avianca (um conglomerado que agrega empresas de países como Colômbia, Peru ou Costa Rica) atingido receitas de 4,2 mil milhões de euros no ano passado e transportado 26,2 milhões de passageiros. Já a companhia aérea do Brasil, que antes respondia pelo nome Oceanair, é a quarta maior do país, com perto de oito milhões de clientes por ano. É ao irmão de Efromovich, José, que cabe a gestão corrente destes investimentos, sob a alçada da Synergy, a holding através da qual o empresário concorre à TAP.

Germán Efromovich continua a ver na transportadora aérea portuguesa uma ponte fundamental do seu grupo para a Europa, onde já se estreou, mas apenas com voos para Espanha. A entrada na Star Alliance, a rede de companhias de aviação da qual a TAP também faz parte, deu-lhe fôlego e credibilidade. E é também uma vantagem clara nesta privatização, visto que os restantes aliados não verão com bons olhos a retirada da companhia de aviação nacional desta aliança, onde tem, desde 2005, um papel muito importante nas ligações ao Brasil e a África, já que há voos partilhados por todos. 

O empresário, que já tinha nacionalidade brasileira, colombiana e boliviana e pediu passaporte polaco para poder ficar com a TAP, quer diminuir a dependência que a empresa tem do Brasil e alargar os seus braços à América do Sul, Central e aos Estados Unidos. E jogou uma cartada forte que em 2012 ficou fora do baralho: a ideia de transformar o aeroporto de Beja, cujos resultados continuam muito longe do esperado, no centro nevrálgico do grupo, no que se refere ao transporte de carga para a Europa (390 milhões de toneladas no total, em 2014).

Mas a sua passagem por Portugal deixou marcas, não só pela sua forma característica de fazer negócios, mas também pelo facto de ter obrigado o Governo a suspender a privatização da TAP, quando este tinha feito de tudo para defender a venda da companhia. Mas estes anticorpos não serão suficientes para que o executivo ignore a sua proposta, que não difere muito, em termos de valores, da apresentada há dois anos. Efromovich oferece 250 milhões de capitalização em dois anos e os mesmos 35 milhões por 100% do capital, mas só se o Governo der garantias de que recuperará as verbas retidas na Venezuela e em Angola. A grande diferença é que quer trazer 12 novos aviões ainda em 2015.

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