Efromovich diz que entregou proposta melhor ao Governo

O único candidato à TAP entregou a oferta final de compra na passada sexta-feira. Governo tomará decisão a 20 de Dezembro.

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TAP vai ser vendida ao consórcio de David Neeleman e Humberto Pedrosa Paulo Ricca

Em entrevista à Lusa, Germán Efromovich afirmou que a proposta que fez chegar à Parpública no passado dia 7 é “muito agressiva” e “melhor” do que a oferta não vinculativa que tinha apresentado em meados de Setembro.

 “É uma proposta que levaria muita gente a nos qualificar de malucos por causa do endividamento da companhia, da situação que estamos a viver na Europa e das previsões sobre o futuro da aviação comercial em função da crise mundial”, afirmou, recusando-se a divulgar os valores e rejeitando números, entretanto, divulgados pela imprensa.

Na passada sexta-feira, o Jornal de Negócios noticiou que Efromovich entregou uma proposta de 1,5 mil milhões de euros, dos quais apenas 20 milhões vão entrar nos cofres públicos. Isto porque a grande fatia será usada para abater à dívida da TAP (cerca de 1,2 mil milhões) e o restante para capitalizar a transportadora aérea do Estado. O Governo ainda não confirmou estes valores.

Tal como o PÚBLICO noticiou, o executivo calendarizou para dia 20 de Dezembro a decisão sobre a oferta do investidor, o único que está na corrida à compra da companhia. Nesse dia, em sede de Conselho de Ministros, saber-se-á se Efromovich se tornará ou não ou novo dono da TAP.

O empresário disse, no entanto, que seria “inteligente” o Governo português anunciar a decisão antes de terminar o prazo para a entrega das propostas vinculativas para a privatização da ANA, que termina na próxima sexta-feira, dia 14. Na entrevista, Efromovich afirmou que se esse passo for tomado antes, o Estado vai receber “mais 20 a 30% do que receberia”.

Se a compra da TAP se concretizar, o milionário colombo-brasileiro (que entretanto se naturalizou polaco, por herança dos pais) acrescentou que “é preciso investir” sobretudo para renovar a frota, cuja vida média ronda os 10 a 12 anos, estando em muitos casos ultrapassados do ponto de vista tecnológico.

"Quem está lá para trabalhar vai continuar"

A obrigação de manter as acções durante um período de dez anos, decisão do último Conselho de Ministros, não preocupa o empresário que referiu, na entrevista à Lusa, que quer comprar a companhia “para ficar e, por isso, não é um problema”.

A partilha da estrutura accionista com os trabalhadores - que terão possibilidade de ficar com 5% do capital - também é “bem-vinda”, realçando que a estratégia passa por “a curto prazo” abrir o capital para “ajudar a financiar a TAP com investidores privados”, numa referência à intenção de dispersar parte do capital em bolsa, como já tinha referido anteriormente.

“Quando entrarmos, vamos ver qual é a melhor maneira e qual o melhor prazo”, explicou, remetendo também para uma fase futura a análise de eventuais parceiros, que tragam valor para a TAP.

Efromovich diz ter a intenção de aumentar o número de trabalhadores da companhia. “Se vamos crescer, precisamos de admitir gente e não de despedir, a não ser que tenha um monte de pessoas sem fazer nada. Quem está lá para trabalhar vai continuar”, afirmou.

Sobre a administração da TAP, liderada por Fernando Pinto, o empresário elogiou o trabalho da equipa e sobretudo a capacidade de contornar a falta de investimento na companhia pelo accionista Estado, escusando-se a expor os planos após a privatização.

“A administração fez um excelente trabalho para quem não teve investimento e teve que se virar sozinha. Se não se põe dinheiro, a companhia não anda”, disse, referindo-se ao facto de, na Europa, os Estados-membros estarem impedidos de injectar dinheiro nas transportadoras aéreas.

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