EDP quer investir sete mil milhões até 2020

Novo plano de negócio para os próximos cinco anos contempla investimento médio anual de 1400 milhões de euros.

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EDP, liderada por António Mexia, espera lucro de 900 milhões este ano. Daniel Rocha

A EDP incluiu no seu novo plano de negócios para os próximos cinco anos um investimento médio anual de 1400 milhões de euros (aproximadamente sete mil milhões de euros no total), dos quais a maior fatia caberá ao negócio de renováveis, o grande motor de crescimento. A estratégia, que está a ser apresentada esta quinta-feira a analistas e investidores em Londres, contempla ainda uma redução de custos de cerca de 200 milhões de euros por ano até 2020.

Numa apresentação onde destacou as diferenças entre a realidade que se vivia aquando da apresentação do último plano estratégico, em 2014, e a realidade actual, marcada por uma queda acentuada dos preços da energia,o presidente da EDP sublinhou que a empresa está melhor posicionada que a maioria das suas concorrentes europeias, pela diversificação de geografias e pela aposta nas renováveis.

"O que se escolheu fazer com o dinheiro foi importante no passado, mas será ainda mais importante no futuro", sublinhou António Mexia, notando que, face aos seus pares, a EDP tem a vantagem de ter apostado não só no negócio das renováveis, mas também em outras geografias que favorecem o crescimento (como os Estados Unidos, onde a aposta nas eólicas é prioritária e o desenho de mercado favorece os contratos de longo prazo, que dão maior previsibilidade às receitas).

Até 2020, as renováveis voltarão a consumir a fatia de leão do investimento, cerca de 45%. O desenvolvimento de redes receberá cerca de 30% do investimento total (a empresa, contempla, por exemplo, cerca de 230 milhões para redes inteligentes, em Portugal), enquanto um quinto do investimento será canalizado para a construção de nova capacidade hídrica e térmica essencialmente no Brasil e na Península Ibérica.

Na sua apresentação, o presidente da EDP Renováveis (EDPR), João Manso Neto, destacou que os Estados Unidos continuam a ser o principal mercado de crescimento, embora a empresa esteja atenta a novas oportunidades na Europa, no Brasil e no México, desde que os fundamentos económicos do negócio façam sentido. “No México estamos a desenvolver um projecto interessante de 800 MW este ano, mas só ficaremos neste mercado se os preços forem interessantes”, exemplificou.

Na mesma linha, Manso Neto sublinhou que “a Europa vai ser muito interessante no futuro, mas é preciso ser inteligente para aproveitar as oportunidades certas”. E o mesmo critério é válido para os projectos de eólicas offshore (no mar), em que a empresa já está a investir no Reino Unido e em França. “Os custos do offshore estão a descer, mas são projectos mais complexos e com maior risco. O nosso core é o onshore”, enfatizou o presidente da EDPR.

João Manso Neto destacou ainda que a EDPR vai continuar a focar-se na redução de custos e na estratégia de autofinanciamento (espera assegurar 1100 milhões de euros até 2020 com a política de rotação de activos, ou seja, a venda de participações minoritárias em parques eólicos, dos quais cerca de metade já estão assinados este ano). “Não é um plano revolucionário, é uma continuação, mas as mensagens são claras” e passam por um aumento de 10% da produção eléctrica e um aumento de 8% do EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em termos médios anuais entre 2015 e 2020, explicou o gestor.

A EDPR representa já cerca de 40% do EBITDA do grupo EDP, que a empresa estima que cresça em média 3% ao ano até 2020 (atingindo cerca de 3600 milhões este ano). Já o resultado líquido deverá subir cerca de 4% (este ano, a estimativa aponta para os 900 milhões de euros).

António Mexia destacou que, embora a conjuntura “seja difícil”, a empresa “está convicta” das metas apresentadas aos investidores e sabe “o que deve fazer”. Definindo a EDP como uma empresa “pragmática” num sector onde falta pragmatismo, frisou que há que saber onde investir. A EDP, assegurou, “não vai disparar para todo o lado”. Cerca de 84% do investimento previsto até 2020 será encaminhado ou para projectos de renováveis com contratos de longo prazo e 30% para activos regulados. “Já estamos a negociar aquela que será uma importante fatia do crescimento nos EUA”, ilustrou Mexia.

Sobre as reduções de custos, o presidente da EDP notou que a meta de 180 milhões de euros para 2017 foi atingida quase dois anos antes do previsto, com resultados positivos em todas as áreas de negócio, o que confere "credibilidade" aos compromissos assumidos pela empresa. Para os próximos cinco anos (em que a empresa antecipa poupanças acumuladas de pelo menos 700 milhões de euros), os cortes de custos operacionais serão acompanhados de reduções ao nível dos recursos humanos, do atendimento ao cliente e em tecnologias de informação.

"Sobrevivemos a uma crise no nosso país e no sector", destacou o presidente da EDP. A estratégia vai, por isso, continuar a privilegiar o "equilíbrio entre o crescimento e a redução do endividamento", com a aposta na celebração de contratos de longo prazo e a manutenção da política de rotação de activos renováveis, a prossecução da parceria com a CTG e a venda de outros activos não estratégicos. A execução desta estratégia rendeu à EDP cerca de dois mil milhões de euros desde 2014, uma meta que a empresa espera replicar até 2020.

"O primeiro trimestre dá-nos confiança para a estratégia que pretendemos seguir", afirmou António Mexia, a propósito dos resultados registados pelo grupo EDP até Março, em que o lucro subiu 11% para 263 milhões de euros e o EBITDA melhorou 14% para 1130 milhões de euros. "Estamos agora mais confortáveis do que estávamos há três meses", afirmou.

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