Economista-chefe da OCDE: "Não é tempo de complacência"

A economia portuguesa está a melhorar, mas esta não deve ser uma altura para "complacência", defendeu esta terça feira o economista-chefe da OCDE.

Pier Carlo Padoan defendeu que "a consolidação orçamental é um processo de longo prazo em todos os países"
Fotogaleria
Pier Carlo Padoan defendeu que "a consolidação orçamental é um processo de longo prazo em todos os países" Rui Gaudêncio
Fotogaleria
Rui Gaudêncio

A participar numa palestra organizada pelo Banco de Portugal, Pier Carlo Padoan recusou-se a falar sobre questões relacionadas com a presente visita da troika a Portugal, nomeadamente sobre o ritmo de redução do défice que deve ser escolhido para o país. No entanto, defendeu que "o esforço de consolidação deve continuar" e que "Portugal está no bom caminho para tornar a sua dívida sustentável".

"Devemos questionar-nos para onde é que a economia vai, não onde está. E o que é claro é que a economia está a melhorar, melhorou a sua balança externa e há sinais de que as reformas estão a começar a produzir efeitos. Mas não é tempo de  complacência", afirmou, em declarações aos jornalistas.

Antes disso, na palestra, falando dos desafios para a política orçamental na zona euro, Pier Carlo Padoan defendeu que "a consolidação orçamental é um processo de longo prazo em todos os países". E que, por isso, "a consolidação estrutural deve continuar em 2014, deixando os estabilizadores automáticos actuarem".

Em relação à evolução do mercado de trabalho em Portugal, o economista chefe da OCDE mostrou prudência quanto a uma melhoria rápida nos próximos tempos, mas defendeu que pode ser feito mais para combater o desemprego no imediato.

"Não nos devemos enganar a pensar que o desemprego vai baixar de forma sustentada sem que a procura aumente", disse, apelando à aplicação de mais reformas no mercado de trabalho, especialmente as dirigidas aos jovens que não trabalham nem estudam.

Padoan diz que se deve fazer mais na área da colocação de jovens desempregados no mercado de trabalho, através de mecanismos de intermediação mais eficazes entre quem procura um emprego e as empresas que precisam de mão de obra com determinadas qualificações. Outra aposta deve ser feita na área da formação e treino dos desempregados, mais jovens ou mais velhos.

Padoan, defendeu ainda que "é preciso um sistema de transição entre os contratos a termo e os contratos sem termo, porque as empresas nesta fase têm dificuldades em avançar para contratos de longo prazo.

O economista chefe da OCDE vai estar esta terça feira à tarde no parlamento para discutir com os deputados o relatório produzido pela OCDE sobre reformas na despesa do Estado.

Sugerir correcção
Comentar