Economias emergentes reclamam maior preponderância no FMI

Se a revisão de quotas avançar, Europa perde influência na instituição.

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Christine Lagarde dirige o FMI Jonathan Ernst/Reuters

O G-24, grupo que reúne os países com economias emergentes, exige maior peso no Fundo Monetário Internacional (FMI) depois da reunião de quinta-feira, em Washington.

Os países emergentes querem que o seu crescente papel na economia global seja traduzido em mais poder no seio do FMI. “Lamentamos profundamente que o prazo acordado de Outubro de 2012 para a entrada em vigor da quota de 2010 e para a reforma da administração tenha passado e que não tenha havido acordo sobre uma nova fórmula de quota antes do prazo de revisão de Janeiro de 2013”, pode ler-se no comunicado do conjunto de 24 países.

Em causa está o novo sistema de quotas previsto para 2010 mas ainda não aprovado. Com a alteração de forças no seio do fundo, seriam os países europeus a perder influência, uma vez que o crescimento da zona euro é mais tímido quando comparado a outras regiões do globo. No último relatório, o FMI aponta para um crescimento de 1% em 2014 na zona euro, enquanto prevê que os países emergentes cresçam 5,1%.

No encontro do G-24, no âmbito da reunião anual do FMI, os países concertaram posições e sustentam que a actualização de quotas “deve reconhecer o crescente peso das economias emergentes na economia global”, mas ressalvam que tal não deve acontecer “à custa de outras economias emergentes ou países em desenvolvimento”.

O G-24 é composto por países cujas economias têm crescido exponencialmente na última década, como Argentina, Índia, Brasil ou México e conta com a China como “membro convidado” desde 1981. 

Como funciona o sistema de quotas do FMI?
As quotas do FMI são atribuídas consoante a posição que o país ocupa na economia mundial, de acordo com uma fórmula que considera vários indicadores. Para determinar essa posição, o FMI tem em conta o produto interno bruto (PIB) (50%), grau de abertura da economia ao exterior (30%), estabilidade da economia (15%) e as reservas internacionais do país (5%). Estas variáveis vão determinar a responsabilidade do país no financiamento da instituição, o poder de voto e o acesso a financiamento do fundo.

A revisão ordinária de quotas acontece, segundo o FMI, em “intervalos regulares”, normalmente de cinco em cinco anos. Qualquer alteração tem que ser aprovada por uma maioria de 85% do poder de voto.

O fundo avalia que, com a 14ª revisão de quotas, a China alcance o estatuto de terceiro maior membro e que Brasil e Índia alcancem os primeiros dez. Os quatro países europeus que integram a primeira dezena são Alemanha, França, Reino Unido e Itália.

Europeus e norte-americanos dividem entre si a presidência do FMI e do Banco Mundial, respectivamente, desde a fundação destas duas instituições em 1944.

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