Economia terá crescido 1,3% em 2016, estima a Universidade Católica

Núcleo de estudos está mais optimista do que o Governo em relação ao crescimento económico deste ano.

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O consumo deverá continuar a crescer este ano, mas menos do que em 2016 Nuno Ferreira Santos

A contar com uma aceleração da economia na recta final de 2016, o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica estima que o PIB português tenha crescido no ano passado 1,3%, um valor próximo da projecção mais recente do Governo, de 1,2%.

A equipa de economistas coordenada por João Borges de Assunção, que nesta quarta-feira divulgou uma nova Folha Trimestral de Conjuntura, estima que a economia terá crescido 0,6% no quarto trimestre em relação aos meses de Julho a Setembro, e avançado 1,8% em relação ao quarto trimestre do ano anterior, uma evolução que o NECEP diz decorrer da “surpresa positiva dos últimos dados do PIB” do terceiro trimestre, em que a economia avançou 0,8% em cadeia e 1,6% em termos homólogos.

É com base no pressuposto que os economistas acreditam que Portugal possa ter assegurado em 2016 um crescimento de 1,3% em relação a 2015. O NECEP está agora mais optimista do que na última vez em que publicara as suas estimativas, porque em Outubro apontava para um crescimento anual ainda inferior a 1%.

Os economistas notam, no entanto, que é preciso ter em conta que há alguma incerteza em relação à forma como a economia evoluiu no último trimestre e, por arrasto, no conjunto do ano. “A hipótese de ocorrência de efeitos pontuais não deve ser colocada inteiramente de parte, designadamente, os que decorrem da política orçamental que se tornou progressivamente mais intensa ao longo do ano passado, com a redução da taxa de IVA aplicável ao sector da restauração em Julho e a reposição integral dos cortes dos vencimentos em Outubro”. Daí que o NECEP diga que a incerteza vem do “estímulo orçamental e não tanto uma dinâmica subjacente mais forte da economia”.

Para 2017, antecipam os economistas, “é de esperar uma propagação deste efeito” na primeira metade do ano, “com a manutenção de variações homólogas do PIB no limiar dos 2%”. A previsão central de crescimento para este ano é de 1,7%,  melhor do que a projectada há três meses e também mais optimista do que a do Governo (1,5%).

O que se espera a seguir? “Passados estes efeitos pontuais, é de esperar o retorno a uma trajectória de crescimento moderado, projectando-se um crescimento do PIB em torno de 1,4% em 2018 e 2019”.

As incertezas

O NECEP, que para este ano já aponta para um crescimento mais baixo do consumo privado, adverte que o nível de investimento continuará a ser “principal motivo de preocupação” em termos de política económica. “As perspectivas de crescimento moderado do produto no horizonte de previsão decorrem, também, do comportamento decepcionante da formação bruta de capital fixo que deverá ter recuado no ano passado face a 2015”.

Mas além da preocupação económica, os principais riscos identificados pelo NECEP “continuam a ser de natureza financeira, quer os relativos à capitalização do sector bancário, quer ao processo de consolidação das finanças públicas”. E acrescenta: “A manutenção de um elevado rácio da dívida pública (130% do PIB nominal) num contexto de crescente pressão sobre os juros permanece como um risco latente que pode condicionar, em particular, o financiamento do investimento”.

Em relação ao valor do défice de 2016, o NECEP acompanha o que outras instituições já assumiram, considerando que a meta de 2,4% é “alcançável”, algo que o Governo já assumiu ter cumprido, porque na terça-feira o primeiro-ministro garantiu que o défice não será superior a 2,3%.

Quanto à conjuntura internacional, o núcleo de economistas da Universidade Católica vinca que há “uma recuperação mais forte na zona euro e perspectivas surpreendentemente optimistas para a economia norte-americana, apesar dos riscos inusitados que rodeiam a nova administração de Trump”. E vinca: “Incerto permanece o processo em torno do 'Brexit', não sendo ainda completamente claro qual poderá ser o seu impacto em termos da economia europeia e mundial”.

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