Economia do Mar está numa “trajectória de crescimento”

Estudo da consultora PwC avalia o desempenho de mais de 40 indicadores desde 2008.

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Qualidade da água costeira é considerada excelente Sérgio Azenha

Nunca tinha acontecido, desde que, há sete anos, foi divulgado o resultado do primeiro barómetro sobre a economia do mar, organizado pela consultora PwC: dos mais de 40 indicadores que avaliam os índices relativos à Economia do Mar só quatro apresentam uma evolução negativa. Entre os subsectores analisados, estão a construção e reparação naval, os transportes marítimos, os portos e logística, a pesca e a aquacultura ou a indústria do pescado. E todos demonstram, tendo como base a situação a 31 de Dezembro de 2008, uma tendência de crescimento. A primeira conclusão que Miguel Marques, responsável por este estudo, retira da última edição do barómetro Leme é a de que “mais do que resiliente, como até agora tem sido, a economia do Mar está numa trajectória de crescimento”.

Um dos subsectores que está a conseguir uma franca recuperação é a construção naval, que se ressentiu muito da crise económica que se instalou em 2008. O volume de negócios desta indústria, a preços constantes, aumentou em 2015, mas está ainda longe de atingir a situação que tinha antes de eclodir a crise. A PwC nota, entretanto, que 2008 foi um ano de pico, “bastante bom em termos de volume de facturação”. Mas se na construção ainda estão longe do ano base, o volume de negócios na área da reparação naval, e das indústrias auxiliares a esta actividade estão bem mais próximas de 2008.

Também muito acima de todas a expectativas tem sido o crescimento no Registo Internacional de Navios da Madeira, tanto em termos de número de embarcações como, sobretudo, em termos de tonelagem e arqueação bruta dos navios, que disparou 600% desde 2008.

Os únicos indicadores entre os 43 analisados pelo barómetro que estão em queda são o número de vítimas mortais ou desaparecidas registadas pela Direcção Geral da Autoridade Marítima e do Instituto de Socorros a Náufragos, a produção nacional de aquacultura (que caiu marginalmente face a 2014), o número de pessoal militar ao serviço da marinha e o volume dos empréstimos contraídos à banca por empresas do sector da pesca, aquacultura e transportes.

Este ano, e pela primeira vez desde que o Leme foi lançado, foram abordadas as questões da sustentabilidade ambiental, analisando alguns indicadores como, por exemplo, a qualidade da água e o número de bandeiras azuis, e colocadas questões concretas a um painel de 50 personalidades ligadas ao mar. A conclusão é que a qualidade da água costeira é excelente (é a Agencia Europeia do Ambiente quem o confirma), que o número de bandeiras azuis não pára de crescer e que há uma percepção pública e real desta qualidade, mas que Portugal não a tem sabido promover.

Apesar do crescente volume de operações e projectos que tem surgido nas áreas da energia das ondas e eólicas offshore, da biotecnologia, dos recursos naturais e da robótica marinha estes ainda não têm uma massa crítica relevante que permita a entrada no índice. A pwc, que também faz o mesmo barómetro sobre a economia do Mar mas com um enfoque mundial, mostra ainda que Portugal integra o top mundial em dois domínios: está entre os 15 principais países com capacidade instalada em termos de eólicas offshore e ocupa o 21º lugar no índice que mostra os principais países com zonas económicas exclusivas em milhões de quilómetros quadrados.

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