Economia chinesa com nível de crescimento mais baixo desde 2009

Produto interno bruto cresceu 7,3%, o que coloca em risco a meta de 7,5% definida pelo governo para o conjunto do ano.

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O imobiliário continua em crise

A economia chinesa arrisca chegar ao final com um nível de crescimento abaixo da meta oficial do governo, o que, a acontecer, seria inédito na última década e meia. Desde 1999 que o gigante chinês tem igualado ou ultrapassado mesmo o objectivo fixado pelo executivo para o crescimento do produto interno bruto (PIB).

No trimestre terminado em Setembro, a economia chinesa apurou um crescimento do PIB de 7,3%, o que é muito se comparado com o cenário de estagnação que se vive na zona euro, por exemplo. O valor fica também acima das expectativas dos analistas, que apontavam para um registo de 7,2%. Mas o facto é que se trata do pior registo desde o pico da crise de 2009 e há na análise dos dados detalhados do produto sinais que injectam alguma preocupação.

“Há coisas estranhas a acontecerem. Temos o crédito a crescer ao mais baixo nível desde 2002, o investimento em imobiliário a desacelerar todos os meses, temos a produção industrial a cair ligeiramente face ao trimestre anterior. Neste quadro, 7,3% parece-me um pouco elevado”, afirmou Andrew Polk, analista do Conference Board, de Pequim, que a agência Reuters considera uma das mais “pessimistas” casas de research sobre a economia chinesa.

Numa análise detalhada ao comportamento do PIB, as agências destacam a fraqueza do mercado imobiliários, onde o investimento continua a recuar e os preços das casas acumulam recuos. A esperança reside, agora, nas medidas que o Governo aprovou há cerca de um mês e que irão contribuir para a redução das taxas de juro para os empréstimos à habitação.

O crédito às empresas está também a cair, o que tem como consequência um recuo do investimento, e os dados da procura interna, onde o Governo centra atenções para responder a uma quebra no potencial exportador do país, também foi pouco satisfatório.

Esta terça-feira, a bolsa de Tóquio fechou no vermelho, mas em Hong-Kong acabou por registar um crescimento ligeiro. A Europa abriu em perda, mas também recuperou. A China teve impacto no início das sessões, mas esse efeito acabou por diluir-se.

Pelo meio surgiu a posição oficial do governo chinês sobre os dados do PIB, com o porta-voz do departamento de estatísticas a reconhecer que houve um abrandamento dos níveis de crescimento, mas a reafirmar que “o emprego e a inflação estão genericamente estáveis, o que significa que a economia continua a operar num nível razoável”.

Esta declaração tirou alguma força á convicção de muitos analistas, de que o governo de Pequim poderia avançar com um novo programa de estímulos. O primeiro-ministro, Li Kekiang, tem reafirmado que o eixo da política económica é manter os níveis de emprego, o que, afirmam os analistas, é perfeitamente possível num cenário de crescimento de 7,2%.

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