Draghi dá Portugal como exemplo da retoma europeia

Líder do BCE mostrou particular satisfação por o país ter conseguido “readquirir a estabilidade financeira”.

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Mario Draghi esta segunda-feira no Parlamento REUTERS/Yves Herman

Portugal foi esta segunda-feira apresentado por Mario Draghi como um exemplo do sucesso das políticas seguidas nos últimos anos na zona euro e como mais um sinal da retoma na economia europeia.

A falar aos deputados europeus numa das suas audiências regulares no Parlamento, o presidente do Banco Central Europeu (BCE) respondia às questões e críticas feitas pela eurodeputada eleita pelo Bloco de Esquerda, Marisa Matias, quando fez vários elogios ao rumo seguido pela economia portuguesa. “Portugal atingiu o ponto em que está a conseguir retirar os benefícios das medidas adoptadas nos últimos anos”, afirmou Draghi, que disse discordar de tudo o que a deputada tinha dito.

O responsável máximo do BCE mostrou particular satisfação por o país ter conseguido “readquirir a estabilidade financeira” e assinalou que “o desemprego está a cair e de forma muito rápida”

Quando Marisa Matias ripostou que grande parte da redução do desemprego se devia à saída de muitos portugueses para o estrangeiro, Mario Draghi repetiu que a economia estava a retirar vantagens das medidas tomadas, reconhecendo contudo que “ainda tem diversos desafios pela frente”.

O elogio de Mario Draghi a Portugal surgiu numa audição em foi especialmente questionado sobre a situação da Grécia. O presidente do BCE recusou a ideia de que Frankfurt esteja a exercer chantagem sobre Atenas quando recusa o pedido grego de alargamento do limite para as emissões de dívida de curto prazo que o país pode fazer.

“A exposição do BCE à Grécia é actualmente de 105 mil milhões de euros, mais do dobro do que era em Dezembro e representa 65% do PIB grego. Que tipo de chantagem é esta?”, afirmou Draghi, que voltou a defender a ideia de que o banco central se limita a cumprir as regras existentes. Mais uma vez foi dito à Grécia que o BCE poderá voltar a abrir as linhas normais de financiamento aos bancos privados e começar a comprar dívida pública grega dentro do seu programa de aquisição de activos, mas que neste momento não estão criadas as condições para tal.

O BCE quer ter a certeza antes que existe um acordo final entre a Grécia e os seus parceiros da zona euro relativamente ao programa de financiamento. “O que é preciso é um processo que recupere o diálogo político entre o Governo grego e as instituições”, disse.

Durante toda a sua intervenção, Mario Draghi mostrou-se optimista em relação aos efeitos do programa de compra de activos lançado pelo BCE no início deste mês, sendo essa uma das razões para aquilo que acredita ser uma retoma forte da economia europeia. “O crescimento está a ganhar dinâmica. As bases para a retoma economia na zona euro fortaleceram-se claramente. Isto deve-se em particular à queda dos preços do petróleo, à melhoria gradual da procura externa, às condições de financiamento mais fáceis trazidas pela nossa política monetária e à depreciação do euro”, afirmou o líder do banco central.

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