Draghi cada vez mais optimista com medidas tomadas pelo BCE

Presidente do BCE vê o crédito outra vez a fluir na economia e diz que “é uma questão de tempo” até que tal aconteça em todos os países da zona euro.

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Conferência de imprensa de Mario Draghi foi interrompida por protestos AFP PHOTO / DANIEL ROLAND

Foi uma conferência de imprensa mais agitada do que o habitual aquela a que se assistiu nesta quarta-feira no Banco Central Europeu (BCE). Quando Mario Draghi fazia a sua intervenção inicial, foi interrompido por protestos. Uma activista aproximou-se do presidente do BCE, saltou para cima da sua secretária, lançou papeis e confetis na sua direcção e gritou “Fim à ditadura do BCE”. Após uma paragem de dois minutos, a conferência de imprensa foi reiniciada.

E Mario Draghi, aparentemente imperturbado perante o inesperado acontecimento, não se deixou abater e começou a revelar todo o seu optimismo em relação ao impacto que as medidas tomadas recentemente pelo BCE estão a ter na economia da zona euro.

Depois de ter começado, a 9 de Março, a executar o programa de compra de dívida pública, o BCE já está a ver muitos sinais que apontam para uma recuperação da economia da zona euro e para uma subida futura da taxa de inflação para valores mais próximos das metas definidas pelo banco central.

Um dos dos sinais positivos, disse Draghi, está a na concessão de crédito à economia. Por um lado, os bancos estão a revelar estarem mais dispostos a assumir riscos e a emprestar dinheiro às empresas e às famílias. E, por outro, existe mais procura de crédito. Fazer fluir o crédito era uma das intenções do BCE quando decidiu comprar activos nos mercados, fazendo com que os bancos fiquem com mais liquidez para emprestar.

Draghi diz que isso está a acontecer, embora reconheça que o fenómeno não é homogéneo em toda a zona euro. “Há países onde isto é mais visível e países onde é menos visível, mas é uma questão de tempo”, disse.

De igual modo, o presidente do BCE destacou o facto de as expectativas de inflação nos mercados terem subido nos últimos meses. O BCE quer evitar que o período actual de inflação muito baixa se prolongue, o que criaria o risco de entrada da zona euro em deflação. “Começamos a ver uma passagem das nossas medidas para a economia real”, disse animado Mario Draghi.

O responsável máximo do BCE, que como é hábito estava acompanhado pelo vice-presidente, Vítor Constâncio, relativizou os riscos que o programa de compras de activos pode correr nos próximos meses.

O BCE pretende realizar compras mensais de 60 mil milhões de euros até ao final de Setembro de 2016. Mas alguns analistas dizem que o BCE pode vir a ter dificuldades em encontrar nos mercados quem lhe queira vender tantos activos. Mario Draghi não concorda. “A preocupação com problemas de escassez de activos é muito exagerada e prematura, não vemos problemas desse tipo”, disse.

E aproveitou também para colocar de lado a hipótese de o BCE antecipar o fim do programa, tendo em conta os resultados que já foram obtidos. “Estou espantado com a atenção que o debate sobre uma antecipação do final do programa de compras está a ter, quando apenas começámos a fazer compras há um mês. É o mesmo que, numa maratona, começarmos a perguntar se vamos mesmo acabar depois de corrermos um quilómetro”, disse.

Em relação à Grécia, Mario Draghi não mostrou tanto optimismo. Quando lhe perguntaram até onde é que o BCE pode ir no financiamento de emergência que está a conceder à banca grega, o presidente do BCE respondeu que “a resposta a essa questão está totalmente nas mãos das autoridades gregas”.

E o que fará o BCE caso a Grécia falhe um pagamento ao FMI, perguntaram a Draghi. “Nem sequer quero contemplar isso. E as declarações dos responsáveis políticos gregos também não contemplam isso”, respondeu o presidente o banco central.

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