Draghi apela aos governos para incentivarem investimento

Caminho é o mais eficaz para restabelecer a competitividade da economia, adverte presidente do Banco Central Europeu.

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Presidente do BCE alerta que "há trabalho a fazer" em termos de crescimento mais sustentado e de empregos AFP PHOTO/JOHANNES EISELE

O presidente do Banco Central Europeu (BCE) encorajou nesta segunda-feira os governos europeus a incentivarem mais o investimento, que defendeu ser o caminho mais eficaz para restabelecer a competitividade, ao invés de simplesmente reduzir o custo do trabalho.

“Um meio para restabelecer rapidamente a competitividade é concentrar-se nos [...] salários”, explicou, durante uma conferência organizada pela federação da indústria alemã em Berlim. “Uma outra via, de longo prazo, é [...] aumentar a produtividade”, adiantou.

“Enquanto os ajustamentos nos custos não aumentam a competitividade senão de forma relativa, os ganhos de produtividade [...] podem ser absolutos e beneficiar todos os países”, disse Draghi, adiantando que “não vê a competitividade como uma corrida entre os países da zona euro com vencedores e vencidos”.

Inovação e investimento são as alavancas para estimular a produtividade, explicou, e, através de políticas incentivadoras, os governos podem agir favoravelmente neste sentido. Para Draghi, restabelecer a competitividade no conjunto da zona euro é “um elemento para melhorar a situação económica actual”.

“A minha mensagem principal é a de que fizemos progressos significativos [...] na estabilização da zona euro, mas que ainda há trabalho a fazer para transformar esta em termos de crescimento mais sustentado e empregos”, disse.

Além dos esforços na competitividade, Draghi sublinhou de novo a importância de dotar a União monetária com uma arquitectura institucional “mais forte”, nomeadamente pela via de uma união bancária.

A união bancária, que já está a ser criada, deverá ajudar a relançar o mercado do crédito na zona euro e também “acelerar a recuperação dos bancos” em dificuldades.

“Precisamos de um mecanismo que permita aos bancos não viáveis serem desmantelados sem riscos para a estabilidade financeira”, defendeu o presidente do banco central, numa altura em que esta questão é contestada no seio da zona euro, nomeadamente com a Alemanha a opor-se a que a Comissão Europeia seja encarregada desta tarefa.

Durante a intervenção, Draghi também instou os governos europeus a “perseverarem” as políticas de consolidação fiscal.

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