SABMiller recusa terceira proposta da maior cervejeira do mundo

Oferta de mais de 90 mil milhões de euros da belga-brasileira AB InBev não conseguiu convencer a administração da britânica SABMiller.

AB InBev, que produz a Stella Artois, não conseguiu comprar a SAB Miller
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AB InBev, que produz a Stella Artois, não conseguiu comprar a SAB Miller Victor Fraile/Reuters
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A SABMiller, dona das cervejas Grolsch ou Peroni, rejeitou a proposta de 92 mil milhões de euros da empresa belga-brasileira AB InBev que, pela terceira vez, falha o objectivo de criar um gigante mundial da indústria cervejeira.

Apesar de ter aumentado a oferta de 38 e 40 libras por acção para 42,15 libras, a AB InBev não conseguiu convencer o conselho de administração da SABMiller da sua intenção de ficar com 41% do capital. “[A proposta] ainda subavalia de forma muito substancial a herança incomparável e única da SABMiller e a suas previsões”, anunciou a empresa britânica, em comunicado. Na curta declaração divulgada no site da cervejeira lê-se ainda que a decisão foi tomada “por unanimidade”, mas “excluindo os directores nomeados pelo grupo Altria”. Trata-se do principal accionista da SABMiller (dono da Philip Morris, que produz a Marlboro), que defende a venda da cervejeira à AB InBev e que já tinha exortado o conselho de administração a “envolver-se sem demoras e de forma construtiva com a AB InBev para que chegue a acordo sobre os termos da oferta”.

A terceira oferta conhecida nesta quarta-feira já tinha sido recebida com frieza pela SABMiller, a terceira maior empresa cervejeira do mundo em volume de negócios e a segunda em quota de mercado. Jan du Plessis, presidente da cervejeira com quase 10% de quota de mercado mundial, considerou ao início do dia que a AB InBev subavaliou “muito substancialmente” a sua empresa, que qualifica como a “jóia da coroa da indústria cervejeira mundial”.

A concretizar-se, esta seria a terceira maior fusão da história, depois de a da Vodafone com a Mannesmann em 1999 e da Verizon Communications e Verizon Wireless em 2013, segundo a Dealogic. Carlos Brito, presidente executivo da AB InBev (dona da Budweiser e da Corona), acredita que a combinação dos dois negócios iria “ciar a primeira cervejeira verdadeiramente global”. A própria AB InBev nasceu em 2004 da junção da brasileira Ambev e da belga Interbrew, que detinha a Stella Artois.

Estes movimentos de consolidação têm sido a estratégia do sector numa altura em que o mercado abranda, reflectindo a redução do consumo e o nascimento de novos negócios como o das cervejas artesanais e outros hábitos dos consumidores. Em Portugal, por exemplo, o consumo per capita de cerveja está nos 46 litros, o valor mais baixo dos últimos 12 anos segundo os dados de 2014 da Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja).

Nesta quarta-feira, a Heineken (dona da Central de Cervejas, que produz a cerveja Sagres) também anunciou a compra de participações da Diageo em duas cervejeiras — a jamaicana Desnoes & Geddes e a GAPL, dona da Guinness Anchor Berhad, da Malásia. O negócio de 780,5 milhões de dólares também incluiu a compra por parte da Diageo — a maior empresa de bebidas espirituosas do mundo — de uma participação de 20% na Guinness Ghana Breweries.

Notícia corrigida: A SAB Miller é dona das cervejas Grolsch e Peroni e a AB InBev produz as marcas Budweiser e Corona

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