Dólar subiu 8% face ao kwanza angolano desde o início da crise do petróleo

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Queda das receitas do petróleo cria crise económica em Angola.

O dólar norte-americano, divisa utilizada para pagamentos de Angola ao exterior e transaccionada no mercado interno, informalmente, valorizou-se cerca de 8% face ao kwanza, moeda nacional angolana, desde Novembro, devido à crise do petróleo.

A situação reflecte-se, no dia-a-dia, no aumento dos preços, com o argumento da grande dependência angolana das importações, transacções que são feitas em dólares e que, por isso, estarão agora mais caras, face ao kwanza.

Alguns economistas têm defendido a necessidade de o Executivo angolano avançar para uma desvalorização da moeda nacional, para atenuar a subida da moeda estrangeira, medida que já foi reclamada pelos próprios empresários.

"Nós já teríamos recomendado uma desvalorização do kwanza, para não deixar o câmbio informal subir, depois é mais difícil. Ou tomamos medidas estruturais já ou a procura de cambiais no país vai crescer, porque há mais classe média e necessidades objectivas", afirmou à Lusa, no final de Janeiro passado, o presidente da Associação Industrial de Angola, José Severino.

Naquela altura, cada dólar valia pouco mais do que 104,5 kwanzas.

Especialistas citados esta semana na imprensa internacional antevêem, além de uma desvalorização do kwanza, subidas na taxa de juro base aplicada no país, que desde Outubro está fixada em 9% ao ano, precisamente para controlar a inflação.

De acordo com dados do Banco Nacional de Angola (BNA), compilados esta quarta-feira, a taxa de câmbio oficial rondava, no final de Outubro último, os 99,1 kwanzas por cada dólar, altura em que se acentuou a queda da cotação internacional do barril de petróleo.

Por consequência, Angola, que é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, viu a entrada de divisas cair e a nota norte-americana disparar no mercado informal, de rua, face aos constrangimentos impostos no acesso aos balcões dos bancos.

Na última semana de Fevereiro, o câmbio oficial do BNA subiu para os 106,858 kwanzas por cada dólar, ainda assim longe dos 180 kwanzas a que a nota norte-americana chegou a ser transaccionada no mercado de rua, nas últimas semanas.

O petróleo representou cerca de 70% das receitas fiscais angolanas em 2014, mas a quebra da cotação internacional do barril de crude deverá fazer descer esse peso, segundo o Governo, para 36,5% em 2015 e já obrigou à revisão do Orçamento Geral do Estado para este ano.

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