Directora do FMI defende que Espanha é o único país europeu a progredir devido a reformas estruturais

Christine Lagarde reafirma que a Alemanha pode fazer mais pelo crescimento da economia europeia.

Foto
Relatório do FMI, presidido por Christine Largarde, considera dívida insustentável se o país não fizer reformas Saul Loeb/AFP

A Espanha é o único país da zona euro a progredir devido às reformas estruturais que começam a dar resultados, disse a directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), apelando aos outros Estados que "passem das palavras aos actos".

"O único país que progride, apesar de não ser suficiente" para absorver a bolsa de desempregados", é a Espanha", afirmou Christine Lagarde numa entrevista divulgada nesta segunda-feira pela emissora francesa Radio Classique.

Questionada se considera que a França está a atrasar-se na aplicação de reformas, a directora do FMI insistiu que "há que as pôr em prática e não apenas ficar contente em falar delas", numa mensagem que serve para "o conjunto da zona euro e não apenas para a França".

No campo da recuperação económica na Europa, Christine Lagarde considerou que a Alemanha pode fazer mais, com aumentos salariais e maiores investimentos em infra-estruturas que estimulem a procura e favoreçam a recuperação no país e no conjunto da zona euro.

"A Alemanha é um dos raros países da zona euro que tem margem orçamental", comentou Christine Lagarde, assinalando também que o Governo de Angela Merkel já prevê um aumento de vencimentos e mais investimentos públicos em vias de transporte, muito embora, para o FMI, Berlim "possa fazer mais no seu próprio interesse".

Numa outra entrevista ao diário Les Echos, Christine Lagarde explicou que a Alemanha poderia dedicar às suas infra-estruturas de transporte 0,5% do Produto Interno Bruto anualmente e durante quatro anos, em vez dos 0,2% pelo executivo de Merkel.

"A Alemanha poderia também contribuir para a recuperação europeia com maior distribuição de salários", porque assim os consumidores alemães "alimentariam" a procura, disse.

Questionada se a zona euro está a efectuar demasiados cortes orçamentais, Lagarde defende que "não se pode falar de uma política de excessiva austeridade".

"O ritmo de redução do défice orçamental parece-nos o adequado em cada país", disse ao recordar que no Pacto de Estabilidade estão fixados os objectivos de redução do défice e que "há uma certa margem de manobra" para que a Comissão Europeia tenha em conta as reformas que são realizadas.

Ainda à Radio Classique, e sobre a sua continuidade até final do mandato no FMI, Christine Lagarde, vincou a sua "determinação" em cumpri-lo até ao fim, embora esteja acusada na França de "negligência" num caso que deriva da sua responsabilidade enquanto ex-ministra das Finanças daquele país.

"Estou determinada em cumprir o meu mandato até ao fim", disse à emissora francesa ao salientar também que os 188 países que integram o FMI, através do seu órgão de Governo, lhe renovaram o apoio depois da acusação que lhe foi imputada a 26 de Agosto.

Christine Lagarde afirmou mesmo ter recebido "mensagens calorosas" de numerosos chefes de Estado e de Governo, bem como de ministros.

"Se tivesse tido dúvidas da minha capacidade de assumir as minhas obrigações, essas mostras de apoio tinham-nas dissipado", comentou ao Les Echos, também publicada esta segunda-feira.

Sugerir correcção
Comentar