A Digital Place, empresa pertencente a um grupo português, adquiriu a rede de lojas da Phone House no mercado nacional, o que permite crescer no mercado de retalho de telecomunicações.

A única accionista da Phone House em Portugal já tinha anunciado que pretendia desfazer-se da operação em solo nacional e que o negócio deveria ficar concluído até ao final de Agosto.

Nesta sexta-feira, a empresa informou por comunicado que foi alcançado um acordo para a venda da operação à empresa Digital Place, que tem como actividade a venda online de produtos electrónicos e está sedeada em Paços de Ferreira.

A Digital Place adquire assim uma cadeia de 130 lojas por um valor que não foi revelado. No entanto, a Reuters avança que está envolvido um “pequeno montante em dinheiro”, e que parte do pagamento será feito a cinco anos conforme os lucros da empresa.

A loja online é detida pelos mesmos accionistas do grupo TLCI, que agrega as empresas TLCI2, da MMCI e Mobile World. Estas companhias operam no sector das telecomunicações, como pontos de distribuição de serviços e produtos da Meo, Nos e Vodafone, respectivamente.

Quando na semana passada a Phone House confirmou que o negócio estaria eminente, o director-geral em Portugal, Nuno Luz, afirmava que a intenção era vender a operação mas manter a marca no país, através do seu licenciamento, “para que novos accionistas continuem a operar”

Em relação ao futuro dos 730 trabalhadores da Phone House em Portugal, Nuno Luz não antecipava “nenhuma diferença em relação à gestão diária actual”.

No comunicado enviado nesta sexta-feira às redacções, a empresa confirma que a estratégia passa por assegurar a continuidade do serviço de seguros em solo nacional.

Sedeada em Braga, a TLCI nasceu em 1992, tendo o seu primeiro contrato de agência com a Telecel, que viria mais tarde a ser adquirida pela Vodafone. Em Março de 2014, a Espírito Santo Capital e a ESAF (sociedades do universo BES) venderam a totalidade das suas participações nas empresas do grupo a J. M. Capa Pereira e a Jorge Martins, accionistas fundadores que também são os únicos administradores. O grupo assume-se como líder no retalho e distribuição de área das telecomunicações, multimédia e serviços convergentes do mercado português.

Este mercado cresceu 38,1% em 2014, tendo registado vendas de 382 milhões, num aumento muito impulsionado pela venda de smartphones.

Já a Carphone foi criada em 1989 no Reino Unido e iniciou a actividade nove anos depois em Portugal, com a abertura de seis lojas. A aquisição de outras cadeias de lojas de venda de telemóveis foi o principal método de expansão da empresa britânica em Portugal, sendo que abriu o primeiro franchise em 2005. Dez anos depois, são 14 as lojas a operar nesta modalidade. Em 2007 a marca adquiriu a Osford com as suas 74 lojas e, em 2012, comprou as 35 lojas da Ensitel.

Em 2014, deu-se a fusão entre os gigantes Carphone Warehouse, uma multinacional especializada em telecomunicações, e a retalhista do sector dos electrodomésticos Dixons Retail, dando origem à Dixons Carphone.

A gigante britânica anunciou já este ano uma nova estratégia que implicava a retirada de países onde está presente em apenas um serviço, como é o caso de Portugal.

No texto divulgado pela empresa pode ler-se que a saída do grupo do mercado português é “consistente com a estratégia definida de se focar apenas em mercados onde o grupo tem posição de liderança em todas as categorias de electrónica de consumo”. O objectivo é potenciar a convergência nos mercados onde existe a integração dos dois negócios.

Já em 2015 a Dixons Carphone tinha comunicado que ia retirar-se de outros dois países europeus. Em Abril, o grupo anunciou a venda do negócio na Holanda e na Alemanha, em transacções cujos valores também não foram divulgados.

O PÚBLICO tentou entrar em contacto com as empresas envolvidas no negócio, não tendo sido possível obter respostas.