Diário Económico reduzido a 30 jornalistas

Dona do jornal online e televisão, em processo de insolvência, começou a dispensar trabalhadores, a semanas da assembleia de credores.

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O Económico continua com o site e a televisão. A última edição em papel saiu para as bancas a 18 de Março DR

A ST&SF, empresa que detém o Diário Económico e que está em processo de insolvência, anunciou nesta segunda-feira que alguns trabalhadores passam a estar dispensados de comparecer ao trabalho, até ser tomada uma decisão sobre o futuro do projecto.

A decisão foi comunicada nesta segunda-feira aos trabalhadores pela administradora de insolvência. Segundo apurou o PÚBLICO, são abrangidos mais de dez jornalistas, ficando o site e o canal de televisão Económico TV reduzidos a cerca de 30 jornalistas. É desconhecido, no entanto, o número exacto de trabalhadores que se encontram nesta situação. “A solução encontrada foi escolher cerca de 30 pessoas para manter o site e o canal de televisão”, segundo uma fonte da comissão de trabalhadores.

Num comunicado interno enviado à redacção, a que o PÚBLICO teve acesso, a direcção interina refere que este processo “não corresponde a um despedimento”, mas que se destina “apenas a assegurar a continuidade do projecto até que haja uma solução definitiva”.

“O que fizemos hoje foi a decisão mais difícil das nossas carreiras. Entre amigos e colegas, tivemos de escolher quem ficará a trabalhar durante as próximas semanas [a assegurar o site e o Económico TV]. Aceitamos essa responsabilidade porque esta foi a única forma de garantir que o Económico tem futuro”, escreve a direcção interina, assegurada pelos jornalistas Mónica Silvares e Filipe Alves. A direcção justifica ter sido tomada uma decisão “muito difícil” perante “os limites decididos pela administração, em função das receitas dos projectos”.

Quando a empresa pediu a insolvência (depois de, numa primeira fase, ter dado entrada nos tribunais um processo especial de revitalização - PER), a administração esclareceu que a insolvência não determina “por si só a cessação dos contratos de trabalho – o vínculo laboral mantém-se em vigor, devendo o administrador de insolvência satisfazer integralmente as obrigações com os trabalhadores até ao encerramento definitivo do estabelecimento (caso ocorra)”.

Os trabalhadores da ST&SF estão com salários em atraso. O vencimento pago mais recente foi o relativo a Fevereiro (tendo sido pago parte do salário), estando ainda por pagar o subsídio de Natal.

Para 23 de Junho está agenda a assembleia de credores, onde deverá ser deliberado o futuro do Económico: se o projecto se mantém, no seu todo ou em parte, se avança um plano de insolvência ou se a solução passa pela liquidação e partilha da massa insolvente.

A empresa enfrentava há vários meses graves dificuldades de liquidez e, em Dezembro, antes de entrar em insolvência, chegou a ter receitas penhoradas pelo fisco. A última edição impressa do jornal saiu para as bancas a 18 de Março e, a partir daí, o projecto continuou apenas com a edição online e a televisão. Nessa altura Mónica Silvares e Filipe Alves assumiram a direcção interina, sucedendo a Raul Vaz, que semanas antes pedira a demissão (tendo entretanto assumido a condução do Jornal de Negócios).

“A razão pela qual assumimos o projecto foi sempre com o objectivo de garantir um futuro para todos, para não permitir que um projecto como o Económico nas suas várias valências – que era líder na área económica – caia por terra sem pelo menos termos feito todos os esforços possíveis”, afirma Mónica Silvares, em declarações ao PÚBLICO.

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