Depois do Deutsche Bank anunciar que está à espera de um prejuízo de 6,2 mil milhões de euros no terceiro trimestre, crescem as expectativas de que o banco deixará os seus accionistas sem dividendos pela primeira vez em 60 anos. Mesmo durante a crise, o banco alemão manteve o pagamento de um dividendo simbólico (0,75 euros tem sido o valor distribuído desde 2008), mas, como anunciou a instituição na quarta-feira à noite, em cima da mesa está a possibilidade de cortar ou eliminar mesmo o pagamento do dividendo referente ao exercício de 2015.

Segundo a Bloomberg, o cancelamento da remuneração aos accionistas pretende evitar precisamente que o banco lhes peça mais dinheiro por via de um aumento de capital.

Com a divulgação das expectativas do elevado prejuízo trimestral, aumentou a pressão para que o novo co-presidente do banco, John Cryan, recapitalize a instituição, ainda que os rácios continuem acima dos mínimos exigidos pelo BCE.

Revisões contabilísticas de diversos activos e provisões para fazer face a processos legais – o banco foi um dos envolvidos no escândalo de manipulação da taxa Libor e condenado a pagar uma multa de 2,5 mil milhões de euros – explicam o prejuízo recorde – é a maior perda trimestral da última década.

O ajuste contabilístico imposto pelos novos requerimentos de capital obrigou o Deutsche Bank a rever em baixa, em 5,8 mil milhões de euros, o valor de alguns investimentos (e deve limitar também os ganhos esperados com a venda do banco postal Deutsche Postbank). Por outro lado, para as provisões com processos judiciais, tiveram de ser canalizados mais 1,2 mil milhões de euros.

Agora, para dar a volta à situação, espera-se que Cryan, que foi nomeado co-presidente executivo em Julho, apresente ainda este mês uma estratégia para melhorar os rácios de capital do banco e para o tornar mais rentável.

Nesta estratégia, o pagamento de bónus aos trabalhadores também deverá ser revisto. As reavaliações contabilísticas e a recomendação sobre os dividendos “têm ser consideradas de alguma forma nas nossas próximas decisões sobre a remuneração variável”, disse Cryan, num comunicado publicado no site do Deutsche Bank, citado pela Bloomberg.